Com mais de 8 mil casos e quase 300 vítimas, a Covid-19 avança em municípios do interior de Mato Grosso e preocupa o secretário de Saúde Gilberto Figueiredo. Segundo o boletim da SES, a taxa de mortalidade é de 3,6%, mas o número de casos pode ser até 10 vezes maior, pois quem apresenta sintomas leves, moderados ou assintomáticos acaba não fazendo o exame. Municípios devem adotar medidas mais rígidas e barreiras sanitárias.
Gilberto alerta que se a população não colaborar em reduzir a exposição à contaminação, o sistema de saúde não terá como atender todos os casos. Já não há vagas em UTIs em alguns dos maiores municípios do interior, como Sinop, Rondonópolis e Sorriso. Em Cuiabá a lotação chega a 80%.
A Capital contabiliza mais de 2 mil casos e cerca de 80 mortes, o que levou muitas pessoas para municípios do interior. “Muitas pessoas fugiram dos grandes centros por conta do vírus e o que aconteceu? Acabaram levando os vírus para os outros municípios”, considerou o secretário em coletiva nessa sexta (19).
Gilberto sugere que os municípios adotem medidas mais rígidas quanto a reduzir a circulação de pessoas, aglomerações e também barreiras sanitárias para evitar que pessoas contaminadas levem o vírus. “O município não precisa esperar os casos se avolumar para adotar as medidas. Por isso, lá atrás, medidas foram sugeridas e alguns adotaram e outros não”.
O secretário lembrou que em maio Mato Grosso aparecia em situação moderada comparado a outros estados. Agora, aparece em situação preocupante.
Segundo indicativo do projeto Covid-19 Analytics, feito em parceria pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e a FGV (Fundação Getúlio Vargas), em uma escala de 0 a 2 para medir o nível de contaminação, Mato Grosso aparece com 1,5 o que indica risco alto.
Para Gilberto o agravamento se deve ao relaxamento das medidas que vinham sendo tomadas. “Foi todo mundo para rua, abre tudo e olha o que virou nosso caso aqui. Daqui a alguns dias estaremos no antepenúltimo lugar do país (em relação ao número de vagas disponíveis em hospitais) e vamos continuar a crescer por conta do comportamento que tem a população”.
O alerta é devido aos inúmeros flagrantes de desrespeito às normas de segurança, à realização de festas clandestinas, negligência no uso de máscaras e aglomerações. “Muita gente ainda acha que não existe pandemia no Estado. Agora vai faltar leito. Acreditando que estava tudo tranquilo, confortável, como eu ouvi algumas pessoas falar. Eu falava que não tinha nenhum minuto confortável na pandemia”.
O negacionismo por parte da população, segundo o secretário, é o mais preocupante. Ele considera que o Poder Público tem trabalhado para aumentar o número de vagas, mas a medida pode não dar conta do crescente número de casos. “Vamos adicionar mais 100 leitos de UTI. Será suficiente? Não será suficiente, se continuar o comportamento que existe hoje. As pessoas parecem que não estão ouvindo”.
Indignado, Gilberto chegou a questionar se “isso deve piorar? Por que? Com uma parcela substancial da população, acha que isso não é uma verdade, que isso não vai afetar ele por que 3,6% de taxa de mortalidade. Morre quase 4 pessoas a cada 100 pessoas, que vão para o estado grave. Isso não é substancial? Tem certeza que não é?”.
Por RDNews