A previsão de colheita recorde de 127 milhões de toneladas de soja na safra 2020/2021 enfrenta um obstáculo. Observado desde a safra anterior, o apodrecimento de vagens no Mato Grosso intensificou-se nesta safra, segundo comunicado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em comunicado recente, a Embrapa advertiu que o problema, que pode reduzir a produtividade em até 20%, concentra-se nos municípios de Sorriso, Ipiranga do Norte e Tapurah. Em parceria com outras instituições e empresas, a Embrapa está pesquisando as causas do apodrecimento das vagens, mas adverte que a questão pode estar ligada à estiagem e às altas temperaturas ocorridas no segundo semestre de 2020.
Segundo a Embrapa, a hipótese para a causa do apodrecimento das vagens, que resulta em grãos enrugados, está ligada ao ambiente desfavorável para o crescimento da lavoura. No fim de setembro e no início de outubro, boa parte da região central do Brasil registrou uma onda de calor com temperaturas recordes em vários estados.
“Diante das observações e análises realizadas até o momento, a hipótese da causa do apodrecimento de vagens está ligada a um conjunto de fatores relacionados ao ambiente desfavorável e à sensibilidade de determinadas cultivares. O ambiente desfavorável trata-se, muito provavelmente, de estresses térmicos, com elevadas temperaturas, associadas com déficit hídrico”, destacou o comunicado da Embrapa.
O órgão também investiga a hipótese de que o apodrecimento seja provocado por fungos, mas as investigações não demonstraram causa direta. Isso porque os pesquisadores encontraram diversidade de fungos, tanto em vagens boas como apodrecidas, e porque muitas áreas em que o problema foi detectado foram submetidas a aplicações de fungicidas, sem prejuízo para as folhas.
“Muitas áreas com apodrecimento de vagens são expostas a aplicações regulares de fungicidas e apresentam boa sanidade foliar. Até o momento, não há evidências de que o problema seja decorrente de ataque de uma nova doença”, destacou a Embrapa em comunicado.
A pesquisa nas lavouras afetadas consiste em identificar os fitopatógenos (agentes causadores de doenças), em avaliar a nutrição das plantas na ocorrência da anomalia e em observar as relações entre o teor de lignina nas vagens e o enrugamento dos grãos.
Por enquanto, o problema parece estar regionalizado e sem ameaçar a colheita em nível nacional. Em dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que a produção de soja crescerá 6,3 milhões de toneladas (5,1%) na safra 2020/2021 em relação à safra anterior.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Agência Brasil – Brasília
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