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Portugal: socialistas conquistam maioria absoluta em eleição

© José Cruz/Agência Brasil

 

Desafiando todas as probabilidades, o Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, conquistou maioria parlamentar absoluta nas eleições gerais realizadas em Portugal nesse domingo (30), garantindo novo mandato, mais forte que o anterior, para o primeiro-ministro António Costa, defensor de contas públicas equilibradas.

O resultado, impulsionado por participação maior do que a esperada apesar da pandemia de covid-19, foi uma surpresa, depois que os socialistas perderam a maior parte de suas vantagens em recentes pesquisas de opinião. Significa que Portugal terá um governo estável para supervisionar a aplicação dos fundos de recuperação pandêmica da União Europeia (UE).

A votação foi convocada em novembro, depois que ex-aliados de esquerda de Costa, o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE), se juntaram à direita para derrotar o Orçamento proposto pelo seu governo minoritário.

Os dois partidos mais à esquerda pagaram o preço na eleição de domingo, perdendo mais da metade de seus assentos na Assembleia da República, de acordo com pesquisas de boca de urna.

Depois das pesquisas de opinião da semana passada, o próprio Costa reconheceu que os portugueses não queriam lhe dar maioria absoluta e disse que estava preparado para fazer alianças com partidos de mesma opinião, o que não será mais necessário.

“Maioria absoluta não significa poder absoluto. Não significa governar sozinho. É uma responsabilidade acrescida e significa governar com e para todos os portugueses”, disse Costa no discurso de vitória.

Antes dos resultados finais, ele afirmou que o partido havia conquistado 117 ou 118 assentos no Parlamento de 230 cadeiras, contra 108 conquistados nas eleições de 2019, e seus partidários comemoraram, cantando o velho hino revolucionário “Grandola” e agitando bandeiras.

Costa, que chegou ao poder em 2015, após crise da dívida de 2011 a 2014, presidiu período de crescimento econômico estável que ajudou a diminuir o déficit orçamentário e até mesmo a obter pequeno superávit em 2019, antes que a pandemia começasse.

Ainda assim, Portugal continua sendo o país mais pobre da Europa Ocidental e depende dos fundos de recuperação pandêmica da UE.

O economista Filipe Garcia, chefe da Informação de Mercados Financeiros no Porto, disse que os investidores provavelmente apreciarão o novo mandato mais forte dado a Costa, por causa da redução promovida no déficit orçamentário.

“Além disso, os socialistas não precisarão se comprometer [com outras partes], o que garante estabilidade e linha de ação clara. O maior desafio será a promoção do crescimento potencial”, afirmou.

O Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, ficou em segundo lugar, com menos de 30% dos votos, segundo resultados provisórios, contra cerca de 42% dos socialistas.

O Chega, de extrema-direita, surgiu como a terceira maior força parlamentar, ao dar um grande salto, passando de apenas um assento na legislatura anterior para pelo menos 11.

Um governo estável deve ser bom presságio para o acesso de Portugal a um pacote de 16,6 bilhões de euros de ajuda da União Europeia, para a recuperação da pandemia e seu sucesso na canalização de fundos para projetos destinados a impulsionar o crescimento econômico.

Com mais de um décimo dos 10 milhões de portugueses isolados devido à covid-19, o governo permitiu que infectados deixassem o isolamento e votassem pessoalmente. Funcionários eleitorais usaram trajes de proteção durante a tarde para recebê-los.

O comparecimento às urnas caminhava para superar os 49% de 2019, uma baixa recorde.

Como em muitos países europeus, as infecções por covid-19 aumentaram em Portugal, embora a vacinação tenha mantido as mortes e hospitalizações mais baixas do que em ondas anteriores.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Sergio Goncalves, Catarina Demony e Andrei Khalip – Repórteres da Reuters* – Lisboa
Crédito de imagem: © José Cruz/Agência Brasil

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