As pesquisas erraram mais uma vez. Agora foi com o resultado da eleição para a Presidência da Argentina. Sugeriam a vitória no primeiro turno do candidato conservador Javier Milei, com pequena margem sobre o candidato peronista e apoiado pelo atual governo, Sergio Massa. Isso levaria a eleição presidencial para o segundo turno. Vai haver segundo turno, mas com a liderança de Massa, que obteve mais de 36% dos votos.
O cenário atual mostra que vai haver uma polarização entre esquerda e direita, semelhante ao que ocorreu no Brasil. Com o resultado, os dois candidatos vão se atirar nos outros 70% dos eleitores que votaram em outros candidatos, não compareceram para votar ou anularam o voto. Portanto, o resultado é imprevisível.
O segundo turno acontece no dia 19 de novembro, aproximadamente daqui a um mês. Os dois candidatos vão se esforçar para convencer o eleitorado de que sua proposta de governo é a melhor para tirar o país da crise que vive.
A inflação está altíssima, a taxa de juros é uma das maiores do mundo, a balança comercial é deficitária e o chamado dólar blue bate recorde de alta. As plataformas já apresentadas mostram os candidatos acusando um ao outro de ser o responsável pela situação econômica do país, considerado no passado uma nação próspera e com índices de desenvolvimento do primeiro mundo.
É provável que o eleitor argentino analise com mais racionalidade as propostas dos dois candidatos, ao contrário do que ocorreu no primeiro turno, quando o emocionalismo ganhou grande impulso, com debates entre os três candidatos mais conhecidos. Isso leva a crer que ganha aquele que tiver a menor rejeição eleitoral.
A Argentina é um parceiro importante do Brasil no Mercosul. Há um fluxo comercial robusto entre as duas nações. Massa promete continuar com a política do seu antecessor, o atual presidente, Alberto Fernandes. Tem o apoio da coligação peronista União pela Pátria, movimento que praticamente governou a Argentina nos últimos 20 anos.
No outro polo, Javier Milei propõe dolarizar a economia para dominar a inflação de 138% ao ano. Um plano que já foi aplicado no passado e não deu certo.
Agora cabe aos dois candidatos convencer os eleitores argentinos de que suas propostas são as melhores para a recuperação nacional. Vão mostrar que há uma luz no fim do túnel, e não um trem em alta velocidade no sentido contrário, mas uma cobrança de empréstimo feito no Fundo Monetário Internacional, de bilhões de dólares, que pode levar a economia a um default. Traduzindo: devo, não nego, pago quando puder.
Los Hermanos já viram esse filme antes.
Por R7 / HERÓDOTO BARBEIRO