Uso de Moedas Locais nas Transações Comerciais
Os ministros das Relações Exteriores dos países membros do BRICS reafirmaram, nesta terça-feira, a importância de ampliar o uso de moedas locais nas transações comerciais entre os membros do bloco e seus parceiros internacionais. A proposta visa reduzir a dependência do dólar e fomentar um comércio mais autossustentável entre as nações. O posicionamento foi revelado após reunião entre os chanceleres dos países membros do BRICS – África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia – no Rio de Janeiro.
Preocupações com Medidas Comerciais Unilaterais
Em seu comunicado, a presidência brasileira do BRICS expressou sérias preocupações sobre o crescente uso de medidas protecionistas unilaterais por países fora do bloco. O aumento de tarifas indiscriminadas e a adoção de políticas ambientais que podem ser vistas como protecionistas foram destacadas como práticas prejudiciais à economia global. Os ministros alertaram que tais medidas, muitas vezes incompatíveis com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), geram distúrbios nas cadeias de suprimentos globais e criam incertezas econômicas, afetando negativamente os mercados internacionais.
Apoio à Organização Mundial do Comércio (OMC)
Em um momento de crescente tensão no comércio global, o BRICS reafirmou seu compromisso com o fortalecimento da OMC, reconhecendo a organização como a “única instituição multilateral com o mandato necessário para estabelecer as regras do sistema multilateral de comércio”. O apoio à OMC reflete a busca pelo respeito às normas internacionais e pela promoção de um comércio mais equilibrado e justo entre as nações.
Diferenças Internas no BRICS
Apesar da unanimidade em algumas questões, a reunião também evidenciou divergências entre os membros do bloco. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não houve consenso suficiente para a elaboração de uma declaração conjunta. Em vez disso, o Brasil optou por divulgar um comunicado presidencial, deixando aberta a possibilidade de negociação de um documento mais amplo durante a cúpula de líderes do BRICS, marcada para julho, também no Rio de Janeiro.
Críticas Veladas aos EUA e à União Europeia
Embora o comunicado não tenha feito menções diretas aos Estados Unidos ou ao presidente Donald Trump, as críticas às práticas protecionistas estavam claramente direcionadas a algumas políticas do governo norte-americano, como a imposição de tarifas punitivas, especialmente sobre a China. Além disso, o documento trouxe uma crítica indireta às políticas ambientais da União Europeia, que, segundo fontes diplomáticas, têm impactado negativamente o Brasil, embora o bloco europeu não tenha sido citado diretamente.
O Futuro das Relações Comerciais no BRICS
A reunião dos chanceleres do BRICS sinalizou não apenas a preocupação com o comércio internacional, mas também a busca por soluções mais autossustentáveis e independentes em relação ao sistema financeiro global, particularmente ao dólar. No entanto, ainda existem desafios significativos, como a divergência de interesses entre os países membros e as tensões com as potências ocidentais, que podem afetar o futuro das relações comerciais no bloco.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio