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Câmbio e preços internacionais pressionam mercado de trigo no Brasil

A valorização do real frente ao dólar e a queda das cotações internacionais estão entre os principais elementos que têm influenciado o comportamento dos agentes do setor. A retração dos moinhos e a maior flexibilidade dos produtores refletem o atual momento de cautela. A seguir, confira os principais pontos que ajudam a compreender o cenário atual do mercado nacional e internacional do trigo.

Câmbio e mercado internacional pressionam preços

De acordo com o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, o dólar sofreu desvalorização de cerca de 3,5% frente ao real, ao mesmo tempo em que o trigo argentino acumulou queda aproximada de 5% no mês, reflexo da retração de quase 9% no trigo hard norte-americano.

Essa combinação resultou em menor custo de importação, o que provocou ajustes negativos nos preços domésticos. “Mudanças em duas das três variáveis que formam o preço do trigo no Brasil — câmbio e cotação internacional — motivaram alteração no comportamento dos agentes”, explicou Bento.

Produtores mais flexíveis e moinhos cautelosos

Diante da possibilidade de novas quedas de preços, os produtores se mostram mais flexíveis nas pedidas. Por outro lado, os moinhos enfrentam dificuldades para escoar a farinha e, por isso, reduziram suas ofertas de compra.

Embora em abril os preços da farinha tenham registrado valorização média de 3%, a expectativa para maio é de desaceleração, acompanhando a queda no valor do trigo. “Câmbio e mercado internacional seguem muito voláteis, exigindo cautela nas decisões de curto prazo”, alertou o analista.

Situação regional: Rio Grande do Sul e Paraná

Rio Grande do Sul

  • Negócios FOB interior: entre R$ 1.380 e R$ 1.400 por tonelada.
  • Pedidas dos vendedores: em torno de R$ 1.400.
  • Ofertas dos moinhos: até R$ 1.350.
  • Trigo argentino CIF Canoas: cerca de US$ 270/t, reforçando a pressão de baixa.
  • Paridade de importação no interior: R$ 1.470/t, 6,5% acima dos preços locais.
  • Queda acumulada no mês: 6,1%.

Paraná

  • Indicações CIF dos moinhos: entre R$ 1.550 e R$ 1.600/t no norte do estado.
  • Ofertas FOB interior: em torno de R$ 1.500/t, afetadas pelos altos custos de frete.
  • Trigo argentino no porto de Paranaguá: R$ 1.520/t.
  • Paridade de importação: R$ 1.501/t, alinhada com os preços locais.
  • Queda acumulada no mês: 7,6%.

O mercado segue com baixa liquidez e negócios pontuais. Segundo Bento, “a queda no custo de importação motivou a entrada de novos vendedores, mas os moinhos ainda demonstram pouco apetite comprador. Esse descompasso achatou os preços”.

Cenário na Argentina: produção deve atingir maior nível em 15 anos

A Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) projeta um plantio recorde de 7,2 milhões de hectares para a safra 2025/26, o maior volume em 15 anos. O crescimento de 4% na área plantada em relação ao ano anterior é atribuído à recuperação das reservas hídricas entre fevereiro e abril, que superam níveis registrados em anos favoráveis como 2021.

Se confirmada a produtividade média de 3.050 quilos por hectare, e descontando-se 300 mil hectares não colhidos, a produção poderá alcançar 21 milhões de toneladas.

Para a safra 2024/25, com base em imagens de satélite que indicaram ajustes na área semeada na região núcleo, estima-se uma área plantada de 6,91 milhões de hectares — aumento de 227 mil hectares. Com produtividade média de 3.040 quilos por hectare, a produção esperada é de 20,1 milhões de toneladas.

O mercado brasileiro de trigo segue pressionado por fatores cambiais e externos, com retração nos preços e baixo volume de negociações. A concorrência do trigo argentino e o comportamento dos agentes internos indicam um cenário de volatilidade. Paralelamente, a Argentina se prepara para uma das maiores safras dos últimos anos, o que deve manter a competitividade no mercado regional.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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