Ameaça do caruru-palmeri à agricultura
O caruru-palmeri (Amaranthus palmeri) representa um desafio crescente para os agricultores brasileiros, principalmente por sua resistência a herbicidas como o glifosato e pela rápida disseminação das sementes. Essa planta daninha agressiva pode causar sérios prejuízos à produtividade, elevando os custos no campo. Por isso, o manejo integrado — combinando estratégias químicas, culturais e preventivas — é indispensável para controlar seu avanço.
Origem e expansão no Brasil
Nativo do sudoeste dos Estados Unidos e do México, o caruru-palmeri foi detectado pela primeira vez no Brasil durante a safra 2014/2015, no Mato Grosso. Mais recentemente, seu registro também ocorreu no Mato Grosso do Sul. Segundo o professor Anderson Cavenaghi, do Centro Universitário de Várzea Grande (Univag), essa planta tem crescimento acelerado — podendo chegar a até quatro centímetros por dia — e alta produção de sementes, que varia entre 200 mil e 600 mil por planta. Essas sementes podem permanecer viáveis no solo por quatro a cinco safras, com estudos internacionais apontando durabilidade de até 18 anos, o que dificulta o controle e amplia o risco de infestações.
Impacto nas principais culturas
O caruru-palmeri afeta diversas culturas agrícolas mundialmente. No Brasil, já foi detectado em plantações de soja, milho e algodão. Pesquisas internacionais indicam que a competição da planta daninha por recursos essenciais pode causar perdas expressivas: até 91% na produtividade do milho, 79% na soja e 77% no algodão.
Esforços e regulamentação para controle
O avanço do caruru-palmeri no país tem sido contido graças à ação coordenada entre agricultores, pesquisadores, associações, empresas de defensivos, o Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (INDEA-MT) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Em 2020, foi atualizada a Instrução Normativa IN INDEA-MT 003/2020, que estabelece normas específicas para o manejo da planta.
Importância do manejo integrado
Anderson Cavenaghi alerta para a necessidade de vigilância constante e manejo adequado para evitar a propagação da espécie. Devido ao elevado número de sementes e seu pequeno tamanho, a disseminação para novas áreas ocorre com facilidade. O manejo deve incluir o uso de herbicidas pré e pós-emergentes, mas com atenção à resistência já observada ao glifosato e a herbicidas inibidores da ALS (como clorimuron e imazetapir), o que dificulta o controle químico isolado.
Estratégias para retardar a resistência
Para combater a resistência, o pesquisador recomenda a alternância entre herbicidas com diferentes mecanismos de ação, evitando a dependência exclusiva do controle químico. Além disso, práticas culturais complementares são fundamentais, como o uso de plantas de cobertura (por exemplo, braquiária), eliminação manual das plantas antes da floração, escolha de variedades adaptadas, plantio em épocas recomendadas, manutenção da sanidade da lavoura e adubação equilibrada. Essas medidas reduzem o banco de sementes no solo e dificultam o surgimento de novos focos.
Ações preventivas essenciais
Entre as ações preventivas, destaca-se a limpeza rigorosa de máquinas agrícolas ao transitar entre áreas, monitoramento constante das lavouras e comunicação imediata de novas infestações aos órgãos competentes. O manejo integrado, que une estratégias químicas, culturais e preventivas, é considerado o método mais eficaz para conter o avanço do caruru-palmeri.
O professor Cavenaghi reforça que a continuidade do monitoramento, associada ao uso criterioso de defensivos e à integração de estratégias agronômicas, é crucial para garantir a sustentabilidade das lavouras brasileiras. O trabalho colaborativo entre produtores, consultores e instituições de pesquisa é essencial para enfrentar essa ameaça e preservar a competitividade das principais cadeias do agronegócio nacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio