CNA aciona STF contra decreto que permite embargos a produtores rurais sem direito à defesa

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão do Decreto nº 12.189/2024, publicado pelo Governo Federal. O decreto regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do Clima e, segundo a CNA, coloca em risco o direito à ampla defesa de produtores rurais.

Medida questiona embargos sem processo legal

Na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) protocolada pela entidade, a CNA solicita que o STF suspenda os efeitos de dispositivos do decreto que, segundo ela, permitem a imposição de embargos a propriedades rurais sem que haja um auto de infração ou a garantia do contraditório e da ampla defesa.

A entidade argumenta que isso viola o devido processo legal e pode causar insegurança jurídica e prejuízos econômicos a produtores e trabalhadores do setor.

Produtores podem ser punidos mesmo sendo vítimas de incêndios

A CNA alerta que o decreto pode atingir até mesmo produtores que foram vítimas de incêndios, punindo-os injustamente. Segundo a ação, há risco de que áreas produtivas sejam embargadas com base em suposições, sem a devida comprovação de irregularidades.

“Colocar o produtor rural em situação de completa insegurança, viabilizando embargos sem um processo legal adequado, compromete a renda dos produtores, dos trabalhadores envolvidos e a produção de alimentos no país”, afirma a CNA no documento.

Críticas aos embargos coletivos realizados via edital

Outro ponto criticado pela CNA é a prática dos chamados “embargos coletivos” por meio de editais, sem individualização das condutas. A entidade menciona como exemplo recente os mais de 4.200 imóveis rurais embargados pelo Ibama nos estados do Acre, Pará, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso.

De acordo com a CNA, os produtores não foram informados com clareza sobre quais áreas estavam irregulares ou poderiam continuar sendo utilizadas, o que acabou bloqueando automaticamente o acesso ao crédito rural de milhares de propriedades.

Prejuízos imediatos e insegurança jurídica

A CNA destaca que os prejuízos para os produtores são imediatos, e que a medida não permite questionamentos sobre o chamado “perigo da demora” — requisito jurídico para decisões urgentes.

“Milhares de produtores rurais ficaram sem qualquer tipo de segurança jurídica, e muitos deles estão impedidos de tocar suas atividades, mesmo sem terem cometido qualquer irregularidade ambiental”, argumenta a entidade.

CNA defende análise individualizada de cada caso

Para a confederação, cada possível infração ambiental deve ser analisada de forma individualizada, respeitando as especificidades de cada propriedade.

“Embargar propriedades por dedução, sem detalhamento, é uma afronta direta ao direito de propriedade dos produtores representados pela CNA”, sustenta a entidade.

Produtores não podem ficar desamparados

A CNA finaliza a ação afirmando que deixar os produtores rurais vulneráveis a interpretações genéricas e punitivas pode comprometer safras inteiras e agravar ainda mais os impactos causados por intempéries e decisões governamentais equivocadas.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio