Confirmação de gripe aviária em granja comercial no RS pode impactar exportações de carne de frango e sustentar preços internos

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O episódio pode restringir parte das exportações da proteína, ao mesmo tempo em que aumenta a oferta no mercado interno, o que tende a pressionar os preços ao longo da cadeia. Apesar da gravidade da situação, especialistas destacam que a estrutura dos acordos comerciais brasileiros pode mitigar os impactos mais amplos.

Primeiro caso de gripe aviária em granja comercial do Brasil

Nesta sexta-feira (16), foi registrado o primeiro foco de IAAP em uma granja comercial brasileira, situada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde 2006, o vírus da gripe aviária circula em diversas regiões do mundo, como Ásia, África e norte da Europa, mas esta é a primeira vez que um caso é confirmado em uma unidade de produção comercial no país.

Exportações devem ser parcialmente afetadas

De acordo com o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, o caso deverá impactar entre 15% e 20% das exportações mensais de carne de frango do Brasil. No entanto, ele ressalta que muitos acordos comerciais permitem restrições regionais, o que deve limitar as barreiras apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou às áreas diretamente afetadas. Países como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos podem adotar esse tipo de abordagem.

Principais mercados atingidos

O Rio Grande do Sul pode ser o mais prejudicado com a confirmação do foco. Atualmente, o estado embarca mensalmente cerca de:

  • 8,37 mil toneladas de carne de frango para os Emirados Árabes Unidos;
  • 7,6 mil toneladas para a Arábia Saudita;
  • 2,16 mil toneladas para o Japão.

A China, principal destino da carne de frango brasileira, importa mais de 40 mil toneladas por mês, representando mais de 10% das exportações totais do setor.

Preços domésticos podem ser sustentados

Com parte das exportações comprometidas, é esperada uma maior disponibilidade de carne no mercado interno. Segundo Iglesias, isso pode pressionar os preços em todas as etapas da cadeia produtiva. No entanto, a movimentação ainda depende do comportamento da demanda nos próximos dias.

Variação nos preços do frango no atacado e na distribuição

Segundo levantamento da Safras & Mercado, os preços dos cortes de frango, congelados e resfriados, registraram variações discretas durante a semana no atacado e na distribuição paulista:

Congelados – Atacado (São Paulo):

  • Peito: R$ 11,40/kg (estável)
  • Coxa: R$ 8,30/kg (estável)
  • Asa: R$ 12,50/kg (estável)

Congelados – Distribuição:

  • Peito: R$ 11,50/kg
  • Coxa: R$ 8,50/kg
  • Asa: R$ 12,70/kg

Resfriados – Atacado:

  • Peito: R$ 11,50/kg
  • Coxa: R$ 8,40/kg
  • Asa: R$ 12,60/kg

Resfriados – Distribuição:

  • Peito: R$ 11,60/kg
  • Coxa: R$ 8,60/kg
  • Asa: R$ 12,80/kg
Preço do frango vivo varia entre estados

O levantamento semanal da consultoria apontou diferentes comportamentos nos preços do frango vivo nas principais regiões produtoras:

Sudeste:

  • Minas Gerais: R$ 5,90/kg (queda)
  • São Paulo: R$ 6,50/kg (estável)

Sul – Integração:

  • Santa Catarina: R$ 4,35/kg
  • Paraná (Oeste): R$ 4,30/kg
  • Rio Grande do Sul: R$ 4,00/kg

Centro-Oeste:

  • Mato Grosso do Sul: R$ 5,80/kg (queda)
  • Goiás: R$ 5,80/kg (queda)
  • Distrito Federal: R$ 5,90/kg (queda)

Nordeste:

  • Pernambuco: R$ 7,50/kg (estável)
  • Ceará: R$ 7,80/kg (estável)
  • Pará: R$ 8,00/kg (estável)
Exportações mantêm desempenho positivo

Apesar da preocupação com o caso de gripe aviária, os embarques de carne de aves e miudezas seguem em alta. Nos primeiros seis dias úteis de maio, o Brasil exportou 139,4 mil toneladas, com receita de US$ 251,038 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior.

Os números representam:

  • Alta de 16,9% na média diária de faturamento em relação a maio de 2024;
  • Aumento de 15% na média diária do volume exportado;
  • Valorização de 1,7% no preço médio da tonelada, que ficou em US$ 1.800,8.

A confirmação da IAAP em granja comercial deve gerar desdobramentos nas exportações e nos preços internos. O mercado segue atento à resposta dos países importadores e ao comportamento da oferta e demanda interna nos próximos dias.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio