Estudo Aponta que o Brasil Perderá 46 Campos de Futebol por Mês em Desmatamento para Atender Demanda por Carros Elétricos da União Europeia

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Um estudo revela que, se o mercado de carros elétricos continuar em expansão, a destruição de florestas será equivalente à perda de 46 campos de futebol por mês nos próximos 25 anos. Este impacto ambiental está relacionado à mineração de minerais essenciais para a transição energética, como lítio e níquel.

O Desmatamento Relacionado à Demanda por Minerais

De acordo com o estudo publicado na quarta-feira (7), a mineração necessária para suprir a crescente demanda por veículos elétricos pode levar à destruição de 13,9 mil hectares de florestas no Brasil, número que equivale a 46 campos de futebol por mês. O relatório foi encomendado pelas organizações Fern e Rainforest Foundation Norway e apresentado durante o Fórum da OCDE sobre mineração responsável.

A União Europeia aposta na eletrificação do transporte para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, conforme os objetivos do Pacto Verde Europeu. No entanto, as baterias dos veículos elétricos dependem de minerais como lítio, cobre, níquel, cobalto, bauxita, ferro, fosfato e manganês, que exigem a extração de recursos naturais com impactos ambientais significativos.

Impactos no Brasil e na Indonésia

O estudo apresenta três cenários sobre o impacto da mineração nos países produtores de minerais. Nos dois primeiros cenários, que consideram o uso das baterias NMC 811, a Indonésia seria o país mais afetado, respondendo por 42% a 63% do desmatamento. O Brasil ficaria em segundo lugar, com 18% a 11% da área desmatada. No terceiro cenário, onde se utiliza baterias LFP, o Brasil seria o país mais prejudicado, com 36% do desmatamento.

Em todos os cenários, a União Europeia sofreria impactos mínimos, com menos de 1% do desmatamento total. Esse desmatamento não afeta apenas as florestas, mas também as comunidades locais, muitas das quais dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência.

Mineração e Comunidades Vulneráveis

O estudo também destaca que mais da metade (54%) dos minérios necessários para a transição energética estão localizados em áreas indígenas ou próximas a essas comunidades. Se forem consideradas as áreas de agricultura familiar, esse número sobe para 70%. A mineração frequentemente provoca o deslocamento forçado dessas comunidades, o que agrava ainda mais a situação.

O relatório alerta para a necessidade de uma transição sustentável que leve em consideração as pessoas e os ecossistemas afetados. “Não há dúvida de que precisamos de uma transição sustentável no setor de transportes, mas precisamos garantir que isso não aconteça às custas das florestas do mundo e das pessoas que nelas vivem”, afirma Perrine Fournier, ativista do grupo Fern.

Alternativas para Reduzir o Desmatamento

Apesar das projeções alarmantes, o estudo também sugere que a situação pode ser revertida. A adoção de novas tecnologias de baterias e o aumento da mobilidade sustentável, com práticas como caronas e o compartilhamento de veículos, poderiam reduzir drasticamente a demanda por minerais. Um cenário alternativo, que inclui o uso de baterias LFP inovadoras e mudanças nos hábitos de transporte, poderia diminuir o desmatamento de 118 mil para 21,3 mil hectares.

A análise revela que, embora a transição energética seja crucial para a redução das emissões de carbono, ela também impõe desafios ambientais e sociais significativos. A mineração necessária para a produção de veículos elétricos no Brasil e em outros países precisa ser reavaliada, com soluções que considerem tanto a preservação ambiental quanto os direitos das comunidades locais.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio