Estudo aponta queda na rentabilidade da cana e crescimento de milho e soja em Quirinópolis (GO)

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Um estudo recente, encomendado pela ADEAGRO (Associação dos Defensores do Agro), revela uma defasagem nos preços pagos aos produtores locais, o que está tornando outras culturas, como o milho e a soja, alternativas mais atrativas. A pesquisa aprofunda-se na análise das variáveis que impactam a rentabilidade da cana, além de apresentar um panorama do crescimento dessas culturas concorrentes na região.

Rentabilidade da Cana-de-Açúcar em Quirinópolis: Um Cenário Preocupante

O estudo encomendado pela ADEAGRO revela que, nos últimos cinco anos, os custos de produção de cana-de-açúcar em Quirinópolis estão pesando significativamente no bolso dos produtores. O custo médio anual de produção para cinco anos de corte de cana chega a R$ 15,2 mil por hectare, com a remuneração da terra em R$ 2,7 mil e a remuneração do capital em R$ 600, o que resulta em uma rentabilidade negativa. Para 2024, essa rentabilidade varia entre R$ -0,33 mil/ha, para quem recebe o preço do Consecana/SP, e R$ -4,76 mil/ha para aqueles que recebem o valor mínimo pago pelas usinas da região.

Além disso, o estudo aponta uma defasagem nos valores pagos pelo Açúcar Total Recuperável (ATR) em Quirinópolis, quando comparado com Rio Verde, onde as usinas seguem o pagamento pelo Consecana/SP. A diferença na remuneração de ATR cresceu consideravelmente nas últimas safras, atingindo uma variação de até 42% na safra 2023/2024.

A presidente da ADEAGRO, Elizabeth Alves, destaca que as condições desfavoráveis para a cana-de-açúcar são reflexo de decisões estratégicas das usinas, que priorizam a produção de etanol em vez de açúcar. Essa mudança tem gerado impactos diretos nos preços pagos aos produtores de cana na região.

O Crescimento de Milho e Soja Como Alternativas Atraentes

Com a cana enfrentando dificuldades financeiras, outras culturas estão se tornando cada vez mais competitivas. O milho e a soja, em particular, estão ganhando espaço em Quirinópolis e região.

A produção de milho em Goiás cresceu 88% nos últimos 10 anos, chegando a 14,5 milhões de toneladas. A região de Quirinópolis superou a média do estado, com um aumento de 123% na produção de milho. Embora a rentabilidade na safra 2023/2024 seja de 4%, a cultura do milho ainda apresenta uma boa margem de lucro, com a rentabilidade atingindo R$ 600 por hectare.

A soja, que já é a principal cultura do estado de Goiás, também apresenta crescimento contínuo. Nos últimos 10 anos, a área plantada de soja aumentou 54% no estado, enquanto Quirinópolis registrou um crescimento superior a 80%. A produção de soja na região teve um aumento de 166% nesse período. Mesmo com a queda nos preços das sacas nos últimos quatro anos, a rentabilidade da soja acumulou 28% na safra 2023/2024, representando cerca de R$ 2,01 mil por hectare.

O Futuro da Cana-de-Açúcar e o Papel da ADEAGRO

A ADEAGRO, ciente dos desafios enfrentados pela cana-de-açúcar, tem se empenhado em informar e sensibilizar os produtores e entidades representativas sobre a importância da cultura canavieira para a região. Elizabeth Alves, presidente da ADEAGRO, enfatiza que a missão da associação é garantir uma melhor remuneração para os agricultores e discutir soluções para manter viva a produção de cana em Quirinópolis.

“Com o aumento da competitividade de culturas como o milho e a soja, precisamos garantir que a cana-de-açúcar não perca sua relevância na nossa região. O estudo realizado pela ADEAGRO é um passo importante para buscarmos melhores condições para os produtores e para a continuidade da produção de cana na nossa área”, conclui Elizabeth Alves.

O estudo revela um panorama desafiador para os produtores de cana-de-açúcar em Quirinópolis, com queda na rentabilidade e preços abaixo da média do Consecana/SP. No entanto, as alternativas oferecidas pelo milho e pela soja, com rentabilidades positivas, estão atraindo cada vez mais os produtores da região. A ADEAGRO continua a trabalhar em defesa da cultura canavieira, buscando soluções que garantam a continuidade e a competitividade da cana-de-açúcar em Goiás.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio