Exportadores brasileiros de carne bovina comercializaram cerca de 48 mil toneladas do produto com os Estados Unidos no mês passado, mesmo após a adoção de uma tarifa adicional de 10% pelo governo norte-americano. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (2) pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa.
Segundo ele, o volume surpreendeu o setor, já que representa um salto expressivo em relação às aproximadamente 8 mil toneladas exportadas no mesmo período do ano passado.
Demanda norte-americana cresce com escassez de gado
Apesar de a China ainda figurar como principal destino da carne bovina brasileira, a severa escassez de gado enfrentada pelos Estados Unidos tem impulsionado as importações por parte do país, favorecendo fornecedores como Brasil e Austrália.
Perosa destacou que os pecuaristas norte-americanos enfrentam dificuldades para ampliar os rebanhos, o que impacta diretamente a produção local de carne bovina. Diante desse cenário, cresce a dependência de carne importada para atender ao consumo interno.
Brasil pode assumir liderança global na produção
Com base em dados da consultoria Datagro, Perosa afirmou que o Brasil pode assumir, até 2026, a liderança como maior produtor mundial de carne bovina, ultrapassando os Estados Unidos. Atualmente, o Brasil já ocupa o posto de maior exportador global do produto.
Tarifas elevadas e cota anual esgotada
As exportações brasileiras de carne bovina aos Estados Unidos estão sujeitas a uma cota anual de 65 mil toneladas. Anteriormente, os embarques dentro desse limite estavam isentos de impostos, mas passaram a ser tarifados em 10% este ano. Para volumes que ultrapassam a cota, a tarifa vigente subiu de 26,4% para 36,4%, com a adição do novo percentual.
De acordo com a Abiec, essa cota foi totalmente utilizada já em janeiro, o que significa que todos os embarques subsequentes foram taxados com a alíquota máxima.
Missão comercial na China visa ampliar presença
Na próxima semana, representantes da indústria frigorífica brasileira integrarão a comitiva presidencial liderada por Luiz Inácio Lula da Silva em viagem oficial à China. Pela primeira vez, o grupo visitará cidades do interior do país asiático com o objetivo de promover a carne bovina brasileira em novas regiões.
Segundo Perosa, a China aumentou em 12% suas importações da proteína brasileira neste ano, totalizando cerca de 392 mil toneladas.
Novas habilitações chinesas podem vir em 2026
Ainda que o presidente da Abiec não espere, no curto prazo, a liberação de novas plantas brasileiras para exportar carne à China, ele considera possível que novos estabelecimentos recebam autorização a partir do próximo ano. Isso dependerá da conclusão de uma investigação de salvaguardas conduzida por Pequim, que avalia o impacto das importações de carne bovina no mercado chinês.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio