Gripe aviária: setor busca conter surto e negociar redução de embargos, aponta Cepea

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Caso confirmado em granja gaúcha acende alerta no setor avícola

A confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja de matrizes de ovos férteis no município de Montenegro (RS), nesta quinta-feira (15), deixou o setor avícola em estado de alerta. O Ministério da Agricultura acionou imediatamente o protocolo de contingência e determinou o autoembargo das exportações de carne de frango oriunda do Rio Grande do Sul para todos os destinos.

Suspensões internacionais seguem cláusulas contratuais

De acordo com cláusulas contratuais, a China e a União Europeia suspenderam automaticamente as importações de carne de frango de todo o Brasil. No entanto, no caso do Japão, um acordo firmado no fim de março estabelece a regionalização do Certificado Sanitário Internacional, limitando a suspensão apenas ao município onde houver registro da doença — neste caso, Montenegro.

Outros países importadores também podem adotar medidas semelhantes nos próximos dias, ampliando os impactos sobre as exportações brasileiras.

Exportações respondem por um terço da produção de carne de frango

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destacam que cerca de 30% da produção nacional de carne de frango é destinada à exportação, sendo distribuída entre diversos parceiros comerciais.

A China é o maior comprador individual, embora represente pouco mais de 10% do volume total exportado. Em 2024, a União Europeia adquiriu aproximadamente 4,5% da carne de frango brasileira. Já os países do Oriente Médio, em conjunto, respondem por cerca de 30% das exportações do setor.

Cepea acredita em controle rápido e aposta na diplomacia comercial

Segundo o Cepea, o setor possui condições técnicas para intensificar os protocolos sanitários e controlar o avanço da gripe aviária em curto prazo. A entidade destaca também o papel fundamental da diplomacia comercial brasileira neste momento, com o objetivo de negociar a flexibilização dos embargos impostos por China e União Europeia.

Para os pesquisadores, a revisão da suspensão total das exportações brasileiras pode ser de interesse mútuo, considerando os impactos que a ausência da carne brasileira pode causar aos consumidores desses países.

Impactos no mercado interno e em outras cadeias

A avaliação inicial do Cepea é de que, caso o embargo total da carne de aves brasileira seja mantido por China e União Europeia, o impacto no mercado tende a ser de média intensidade. Isso afetaria não apenas o setor avícola, mas também os mercados de carne suína, bovina e grãos — especialmente o milho, utilizado na alimentação animal.

Contudo, os pesquisadores ressaltam que o caso ainda é recente, e é necessário aguardar novos desdobramentos antes de traçar cenários mais definidos.

Setor de ovos já sente efeitos imediatos

O segmento de ovos foi diretamente atingido com o autoembargo do Rio Grande do Sul, que representa cerca de um terço das exportações brasileiras do produto. A medida tem potencial de gerar impactos imediatos na cadeia de produção e comercialização de ovos.

Preços internos vinham firmes antes da confirmação do caso

Até o momento da confirmação do surto, o mercado doméstico de carne de frango registrava preços firmes tanto para o produtor quanto no atacado, com boa liquidez. A demanda internacional, via exportações, vinha contribuindo significativamente para a sustentação dos preços no mercado interno, fator que agora poderá ser afetado.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio