A seguir, um detalhamento das principais dinâmicas que estão influenciando o setor.
Oferta no Sul do Brasil e a Baixa Liquidez
A TF Agroeconômica aponta que, no Brasil, o mercado de milho continua pressionado pela oferta limitada no Sul do país, especialmente em estados como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, a comercialização recuou significativamente, com os produtores vendendo menos para cooperativas e cerealistas. Grande parte das indústrias locais já garantiu volumes para maio, enquanto se movimenta para garantir as necessidades de junho e julho.
Em Santa Catarina, o destaque foi o salto de produtividade do milho verão, com aumento superior a 40%, alcançando uma média recorde de 9.717 kg/ha. No entanto, a liquidez no mercado permanece baixa, principalmente pela diferença entre os preços pedidos pelos produtores, que podem chegar até R$ 85,00/saca, e as ofertas, com preços máximos de R$ 80,00 CIF. A expectativa é que o ritmo de negociações melhore após o avanço da colheita da soja, que deve liberar mais logística para movimentação do grão.
Previsões de Safra e Recomendação de Venda Imediata
A análise da TF Agroeconômica também sugere que os produtores devem vender a produção de milho imediatamente para cobrir compromissos a prazo de safra, uma vez que os preços podem recuar ainda mais nos próximos meses. A recomendação é vender agora, enquanto os preços estão relativamente estáveis, e armazenar o restante para negociações no segundo semestre, quando há previsão de recuperação de preços.
Entre os fatores que pressionam os preços para baixo, está a previsão de uma safra brasileira maior do que a estimada inicialmente. A consultoria Céleres, por exemplo, elevou sua estimativa para a safra 2024/25 para 135,40 milhões de toneladas, impulsionada pela boa performance da safrinha, que agora está projetada em 104,30 milhões de toneladas. No cenário internacional, os Estados Unidos também indicam um aumento na produção. A safra 2025/26 deverá atingir um recorde de 401,01 milhões de toneladas, pressionando ainda mais os preços globais.
Desafios no Mercado Internacional e Pressões Externas
A nível internacional, o mercado do milho está sendo pressionado pela forte produção nos Estados Unidos, que já semeou 40% da área prevista, ritmo superior ao do ano anterior. Além disso, a relação comercial entre os EUA e o Canadá, maior comprador de etanol de milho dos Estados Unidos, continua incerta. Recentemente, um encontro entre o ex-presidente Donald Trump e o premiê canadense Mark Carney não resultou em avanços concretos, mantendo as tensões e gerando incertezas no mercado global de milho.
Dinâmica de Preços na Bolsa de Mercadorias
Na Bolsa de Mercadorias de São Paulo (B3), o milho fechou em baixa, com a pressão sazonal da colheita do milho safrinha e o impacto da desvalorização do dólar. As cotações na B3 variaram conforme as condições do mercado. O vencimento de julho/25 fechou a R$ 64,17, apresentando uma queda de R$ -0,56 no dia e de R$ -2,90 na semana. O mercado espera um maior volume da safrinha, o que pode pressionar os preços ainda mais para baixo nas próximas semanas.
Já na Bolsa de Chicago, as cotações registraram alta no fechamento do dia, mas o acumulado da semana ainda foi negativo. O mercado reagiu a expectativas de um relatório favorável do USDA, mas a forte produção da safrinha brasileira e o avanço do plantio nos EUA limitam qualquer recuperação significativa nos preços a curto prazo.
Expectativas e Tendências para os Próximos Meses
Diante desse cenário de alta oferta global e de um mercado doméstico marcado por uma boa produção, mas com baixa liquidez, as expectativas para o milho são de preços contidos até pelo menos julho. A recuperação de preços pode ocorrer no segundo semestre, especialmente à medida que a colheita da soja avance e a logística se libere. Contudo, as tensões comerciais e a perspectiva de uma safra recorde nos Estados Unidos são fatores que seguirão exercendo pressão sobre o mercado no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio