O Seminário Empresarial China-Brasil: Fortalecendo a Parceria Estratégica, realizado nesta segunda-feira (12) em Pequim, consolidou um marco inédito na cooperação econômica entre os dois países. Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de autoridades brasileiras e chinesas, e de mais de 700 empresários, o encontro resultou no anúncio de aproximadamente R$ 27 bilhões em novos investimentos chineses no Brasil. O evento foi promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e integra a agenda da visita oficial do presidente brasileiro à China, que se estende até o dia 14 de maio.
Investimentos bilionários e setores estratégicos
Durante o seminário, foram anunciados aportes chineses em setores diversos da economia brasileira, como indústria automotiva, energia renovável, tecnologia, mineração, saúde, logística e alimentos. Entre os principais investimentos estão:
- GWM: R$ 6 bilhões para expansão da produção de veículos e exportações para a América do Sul e México;
- Meituan: R$ 5 bilhões, com previsão de 100 mil empregos indiretos no setor de delivery;
- Envision: R$ 5 bilhões para instalação do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina;
- CGN: R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí;
- Mixue: R$ 3,2 bilhões para abertura de lojas de bebidas, com meta de gerar 25 mil empregos até 2030;
- Baiyin: R$ 2,4 bilhões na aquisição da mina de cobre Serrote, em Alagoas;
- DiDi: R$ 1 bilhão para infraestrutura de recarga de veículos elétricos;
- Longsys: R$ 650 milhões em semicondutores;
- Nortec Química: R$ 350 milhões em parceria com empresas chinesas no setor farmacêutico.
Declarações reforçam aliança estratégica
O presidente Lula destacou a importância da aliança bilateral:
“Hoje demos mais um passo para fortalecer nosso intercâmbio bilateral e criar oportunidades de comércio e desenvolvimento. Apostamos na redução das barreiras comerciais e queremos mais integração.”
Lula ainda afirmou que a parceria entre os países será contínua:
“O Brasil precisa da China e a China precisa do Brasil. Vamos avançar e garantir que o Sul global seja respeitado como nunca foi.”
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, também ressaltou a magnitude dos anúncios:
“Estamos anunciando hoje US$ 27 bilhões em investimentos de empresas chinesas. Isso nunca havia acontecido, é um fato extraordinário.”
Comércio entre os países atinge recorde
A China se mantém como principal parceiro comercial do Brasil. Em 2024, a corrente de comércio entre os dois países atingiu quase US$ 160 bilhões. O saldo positivo para o Brasil foi de US$ 30,7 bilhões, o equivalente a 41,4% do superávit comercial total brasileiro.
Produtos como soja, carnes, celulose, algodão e açúcar continuam sendo os destaques nas exportações. Segundo a ApexBrasil, 25% das importações brasileiras têm origem chinesa, enquanto 4,5% das importações chinesas vêm do Brasil.
Estudo recente da ApexBrasil identificou 400 produtos com potencial de exportação para o mercado chinês, incluindo itens de maior valor agregado, como alimentos processados, bioenergia e medicamentos.
Promoção comercial e presença brasileira na China
A ApexBrasil anunciou uma série de ações para ampliar a presença de produtos e da cultura brasileira no mercado chinês. Entre elas:
- Parceria com a Luckin Coffee: abertura de 34 lojas temáticas e um museu do café brasileiro;
- Colaboração com a Huaxia Film: promoção de filmes brasileiros e coproduções audiovisuais;
Acordo com a rede Hotmaxx: ampliação da presença de alimentos e bebidas brasileiras no varejo chinês, com foco em produtos sustentáveis e inovadores.
Parcerias privadas fortalecem cooperação em saúde, energia e tecnologia
Com apoio da ApexBrasil, foram anunciadas ainda diversas parcerias entre empresas brasileiras e chinesas:
- Eurofarma e Sinovac: criação do Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas;
- Raízen e SAFPAC: fornecimento de bioetanol para produção de combustível sustentável de aviação (SAF);
- REAG Capital Holding e CITIC Construction: recuperação de pastagens degradadas;
- ABES e ZGC: fomento à cooperação em inteligência artificial;
Gan & Lee, Biomm e Fiocruz: produção nacional de insulina para tratamento de 16 milhões de brasileiros com diabetes.
Temas em destaque: sustentabilidade e segurança alimentar
Durante os debates realizados ao longo do seminário, foram abordadas oportunidades e desafios da cooperação sino-brasileira, com foco em:
- Segurança alimentar: cooperação agrícola e cadeias produtivas;
- Sustentabilidade ambiental: energias renováveis e práticas sustentáveis;
- Transição energética: fortalecimento da matriz limpa em ambos os países.
- Jorge Viana enfatizou o papel do Brasil como fornecedor estratégico:
“A China é destino essencial para nossos produtos, nossos sabores, nossas proteínas e nossas frutas tropicais.”
Agenda da missão brasileira segue até 21 de maio
A visita oficial do presidente Lula à China segue até o dia 14 de maio e inclui encontros com autoridades locais, líderes empresariais e representantes de organismos multilaterais. Além disso, outras ações de promoção comercial organizadas pela ApexBrasil incluem:
- 14 de maio (Pequim):
- Seminário “Diálogos Brasil-China para Segurança Alimentar”;
- Abertura do Escritório da Carne Brasileira na China;
- Assinatura de parceria com a Luckin Coffee.
- 15 e 16 de maio (Nanjing):
- Lançamento do projeto The Beef and Road, para promoção da carne bovina brasileira em novas regiões do país.
- 19 a 21 de maio (Xangai):
- Participação do Brasil na feira Sial China, uma das maiores do setor de alimentos e bebidas, com pavilhão nacional organizado pela ApexBrasil.
Essa nova fase das relações Brasil-China evidencia o fortalecimento da cooperação econômica, comercial e tecnológica entre os dois países, com efeitos positivos diretos para a indústria, o agronegócio e a sustentabilidade no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio