A soja segue como protagonista do agronegócio brasileiro. Em 2024, a produção nacional superou os 150 milhões de toneladas, consolidando o grão como pilar da economia. No entanto, o aumento da produtividade vem acompanhado do avanço de pragas que ameaçam o cultivo, com prejuízos significativos.
Entre os principais vilões do sojal brasileiro estão:
- Percevejos, que podem reduzir a produtividade em até 30%, gerando perdas estimadas em mais de R$ 12 bilhões por safra;
- Nematoides, responsáveis por prejuízos equivalentes a uma safra a cada dez anos, somando cerca de R$ 374 bilhões em uma década;
- Ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que já provocou mais de R$ 150 bilhões em perdas desde que foi identificada no Brasil.
Diante desse cenário, torna-se essencial desenvolver estratégias mais eficazes e sustentáveis de controle.
Nova tecnologia: pesticida nanoencapsulado com alta eficácia
Para enfrentar essas pragas com mais eficiência e menor impacto ambiental, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro) desenvolveram uma formulação inovadora de pesticida baseada em nanotecnologia.
O grupo, composto por Marcos Lenz, Matheus Mota Lanzarin, Leonardo Marques de Almeida Mariano, Manoel Peres Zinelli, Jhones Luiz de Oliveira, Leonardo Fernandes Fraceto e Adriano Arrué Melo, criou um sistema de liberação controlada do pesticida lufenuron, utilizando nanopartículas de policaprolactona (PCL). Esse composto é especialmente eficaz no combate à Rachiplusia nu, uma das principais lagartas que atacam a soja.
Resultados promissores em laboratório e ambiente controlado
Os testes foram realizados tanto em laboratório (in vitro) quanto em condições semiabertas (in vivo), e mostraram que:
- A formulação nanoencapsulada e a convencional eliminaram quase 100% das larvas na dose máxima;
- A versão nanoencapsulada manteve alta eficácia mesmo em doses menores, o que representa uma vantagem relevante em termos de sustentabilidade.
Segundo Marcos Lenz, as nanopartículas atuam como cápsulas que liberam o pesticida de maneira controlada, prolongando sua ação no campo e reduzindo a necessidade de reaplicações.
Controle mais eficiente e menos agressivo ao meio ambiente
Em testes com simulação de campo, a nova formulação obteve controle superior a 90% das pragas com a dose recomendada. Apesar de a eficácia cair com concentrações mais baixas, os pesquisadores consideram o desempenho positivo e veem potencial de aprimoramento. “Nosso objetivo é ajustar a concentração do ingrediente ativo nas nanopartículas para que elas sejam ainda mais eficazes e sustentáveis em diversas condições ambientais”, destaca Lenz.
Caminho para uma nova geração de defensivos agrícolas
Essa inovação representa um passo importante rumo a defensivos mais eficazes e com menor impacto ambiental, justamente em um contexto de críticas ao uso excessivo de agrotóxicos e suas consequências para a saúde humana e os ecossistemas.
A próxima etapa das pesquisas deve focar:
- No ajuste da concentração de ingredientes ativos nas nanopartículas;
- Na ampliação dos testes em outras culturas e diferentes condições climáticas.
Soluções integradas para uma agricultura mais sustentável
Ao unir ciência de materiais, biotecnologia e agricultura de precisão, a nanotecnologia agrícola pode inaugurar uma nova era de defensivos: mais eficientes, menos tóxicos e com maior aceitação social. A expectativa é que essas soluções estejam, em breve, disponíveis para uso em larga escala nos campos do Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio