Quebra de resistência das biotecnologias de milho e algodão gera novos desafios para produtores, alerta especialista

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Segundo o pesquisador Germison Tomquelski, a situação tem se tornado cada vez mais preocupante, com impactos diretos nos custos de produção e nas estratégias de controle. O especialista alerta para a necessidade de adaptação das práticas agrícolas, incluindo o uso de baculovírus, para combater essas pragas.

Infestações de lagartas agravam o cenário para o produtor

O mestre e doutor em agronomia Germison Tomquelski, da consultoria Desafios Agro, descreve como “caótico” o atual cenário de infestações por lagartas nas lavouras de milho e algodão VIP (biotecnologias resistentes) nas regiões de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O especialista aponta que a situação é agravada pela perda contínua de eficácia dos inseticidas químicos “premium”, que até a safra passada apresentavam uma eficiência superior a 80%. Este ano, no entanto, a eficácia desses produtos tem caído, o que tem forçado os produtores a recorrer a aplicações adicionais e a misturas com produtos biológicos para tentar controlar as pragas.

“Com a perda de desempenho dos inseticidas, a necessidade de realizar aplicações extras tem aumentado. Os produtores estão se adaptando, utilizando estratégias como a mistura com biológicos e o uso de baculovírus para proteger os químicos e melhorar o controle das lagartas”, explica Tomquelski. Ele destaca que a espécie Spodoptera frugiperda, uma das pragas mais problemáticas, tem imposto um grande desafio.

Impacto financeiro no custo de produção do milho

No caso do milho, Tomquelski estima um aumento de 5% a 10% nos custos com inseticidas apenas para o controle de lagartas, especialmente da Spodoptera frugiperda, nas áreas de Chapadão do Sul (MS). Esse incremento ocorre sem considerar os gastos com outras pragas, como cigarrinhas, pulgões e percevejos-barriga-verde. De acordo com o especialista, o custo do manejo das lavouras na região pode alcançar 80 a 100 sacas de milho por hectare, considerando uma produtividade média de 130 a 160 sacas por hectare.

Embora o cenário não comprometa completamente a produção, Tomquelski alerta que o investimento necessário para controlar as pragas e o risco associado ao aumento dos custos são elevados. “O risco para o produtor está nas altas infestações de lagartas, que podem ultrapassar a previsão de custos, o que exige uma vigilância constante e o uso de todas as estratégias possíveis”, destaca.

Estratégias eficazes no controle de lagartas no algodão

No setor do algodão, o quadro de infestações de lagartas, especialmente da Spodoptera frugiperda, não é diferente. Nos últimos dias, a pressão das pragas aumentou consideravelmente, e as previsões indicam que esse cenário pode se estender devido às condições climáticas favoráveis para as lagartas. Tomquelski observa que, apesar do aumento da área plantada nos últimos três anos, a produtividade da safra de algodão pode ser impactada negativamente.

“Mesmo com o aumento da área de plantio, a pressão das lagartas pode reduzir a produtividade da safra, o que é preocupante, pois estamos na fase crucial de definição do potencial produtivo da cultura”, afirma.

O especialista alerta que a quantidade de aplicações de inseticidas no algodão tem aumentado significativamente. Muitos produtores, inicialmente programados para duas aplicações, agora têm feito de quatro a oito aplicações para controlar as infestações. No entanto, ele ressalta que aumentar a dose de inseticidas não é suficiente para enfrentar a resistência das lagartas.

Baculovírus como solução no controle da resistência

Tomquelski defende a rotação de inseticidas com baculovírus como uma estratégia imprescindível para o controle de lagartas no algodão. Ele afirma que os baculovírus não apresentam resistência e funcionam de forma complementar aos inseticidas químicos, aumentando a eficácia do controle. O pesquisador destaca ainda a importância de realizar o monitoramento contínuo das lavouras, com atenção especial às áreas infestadas por lagartas pequenas.

“Não adianta apenas aumentar a dose de inseticidas. A rotação com baculovírus é essencial, pois eles ajudam a manter a eficácia do controle e não geram resistência. O monitoramento constante é fundamental para o sucesso da estratégia de controle”, conclui Tomquelski.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio