A safra de açúcar do Brasil para o ciclo 2025/26 promete ser robusta, mesmo com um início lento da colheita, e deve colaborar para a formação de um superávit global estimado em 1,53 milhão de toneladas, conforme revelou a consultoria Datagro nesta quarta-feira (14).
Segundo Plínio Nastari, presidente e analista-chefe da Datagro, as chuvas acumuladas entre outubro e abril na região Centro-Sul — principal polo produtor do país — foram próximas às melhores dos últimos cinco anos, restabelecendo a umidade do solo e favorecendo o desenvolvimento da safra. A informação foi compartilhada durante a Conferência CITI ISO DATAGRO NY Sugar & Ethanol.
Safra de cana-de-açúcar prevista estável, com leve queda na colheita
A produção total de cana-de-açúcar está projetada em 607,6 milhões de toneladas para a temporada 2025/26, o que representa uma redução de 1,4% em relação à safra anterior (2024/25). Apesar disso, a expectativa é que a produção de açúcar aumente 5,9% no mesmo período, refletindo uma safra mais focada na produção açucareira.
Nastari destacou que os incêndios que atingiram cerca de 450 mil hectares de cana no ano passado e o atraso causado pela seca afetaram o ritmo inicial da moagem. Entretanto, esse atraso permitiu que a cana tivesse um desenvolvimento melhor, o que pode beneficiar os números finais da safra.
Na safra passada, o volume de cana bisada (colhida em safra anterior) foi de 23,5 milhões de toneladas, enquanto para o ciclo atual a estimativa é de 8 milhões de toneladas, o que também influencia o volume total da moagem.
Atraso na moagem devido às chuvas, mas produtividade permanece promissora
A moagem da safra 2025/26 enfrentou um atraso na segunda quinzena de abril em função das chuvas acima da média histórica na região Centro-Sul. Em abril, a moagem atingiu 34,2 milhões de toneladas, contra 51,1 milhões de toneladas no mesmo mês do ano passado.
Apesar do atraso, as condições climáticas similares às da safra 2022/23 mantêm a expectativa de boa produtividade. O teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) está projetado para se manter estável, em torno de 140 quilos de ATR por tonelada de cana.
Produção de açúcar e etanol: cenário e projeções
Para o ciclo 2025/26, a Datagro prevê que a produção de açúcar alcance 42,04 milhões de toneladas, com um aumento de 5,9% em relação ao ciclo anterior. Já a produção de etanol deve apresentar uma leve queda de 0,2%, ficando em 34,53 bilhões de litros. A safra tende a ser mais açucareira, com o açúcar representando 51,5% do total da produção, contra 48,1% no ciclo anterior.
No segmento de etanol, a expectativa é de crescimento de 3,2% na produção do etanol anidro (12,76 bilhões de litros), enquanto o etanol hidratado deve ter uma queda de 2,2%, para 21,77 bilhões de litros.
Além disso, a produção de etanol de milho está projetada para crescer 24,5%, chegando a 10,16 bilhões de litros, divididos entre 7 bilhões de litros de etanol hidratado (alta de 29,6%) e 3,16 bilhões de litros de anidro (aumento de 14,5%).
Impacto nos preços internacionais e competitividade do Brasil
Plínio Nastari destacou que os preços internacionais do açúcar permanecem baixos, atualmente em torno de 18,22 centavos de dólar por libra-peso, valor pouco atraente para estimular a expansão da produção, que exigiria preços acima de 25 centavos por libra-peso.
O Brasil, no entanto, mantém o menor custo de produção do açúcar no mundo, estimado em 15,44 centavos de dólar por libra-peso, contra custos mais elevados em outros países, como Austrália (18,28), Guatemala (19,80), Tailândia (21,53), Índia (22,42) e França (23,48).
No mercado interno, os preços do etanol têm se mantido firmes, impulsionados pela demanda aquecida pelo etanol hidratado e pela expectativa de maior consumo do anidro, caso seja aprovada a ampliação da mistura para 30% de etanol na gasolina, atualmente em 27%.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio