Café: Avanço da colheita, clima favorável e vendas de fundos pressionam cotações no mercado global

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Colheita acelerada e clima positivo derrubam preços do café

O avanço da colheita e a ausência de geadas até meados de junho estão entre os principais fatores que têm pressionado os preços do café, segundo análise da Consultoria Agro do Itaú BBA, divulgada no relatório Agro Mensal. A melhoria das condições climáticas, com chuvas mais frequentes, favorece não só a safra atual como também gera expectativas positivas para o ciclo do próximo ano.

O indicador Cepea do café arábica recuou 17% entre o início de maio e 16 de junho. Esse recuo superou a queda do primeiro contrato na Bolsa de Nova York (-15%), influenciado também pela valorização do real frente ao dólar, que teve alta de 3% no mesmo período. Já o café robusta perdeu 16% na Bolsa de Londres, enquanto o conilon brasileiro caiu 25%. O deságio do conilon em relação ao arábica aumentou de 15% em janeiro para 41% em junho, em meio à expectativa de forte crescimento da produção e colheita mais adiantada.

Vendas por fundos aceleram pressão sobre o mercado

Outro fator que contribuiu para a desvalorização foi o movimento de realização de lucros por parte dos fundos não comerciais. O preço do arábica em Nova York caiu de US$ 4,20 por libra-peso em fevereiro para US$ 3,55 na primeira quinzena de junho. No mesmo período, os fundos reduziram suas posições líquidas compradas de 60 mil para 33 mil contratos (dados de 10 de junho), o menor nível desde novembro de 2023. Em média, essas posições haviam se mantido em 55 mil contratos ao longo de 2024.

Exportações recuam em maio, mas acumulado da safra surpreende positivamente

De acordo com o Cecafé, as exportações brasileiras de café somaram 2,96 milhões de sacas em maio — uma queda de 33,3% na comparação anual. Apesar da retração no mês, o volume acumulado nos onze meses da safra 2024/25 (julho/24 a maio/25) foi de 43 milhões de sacas, apenas 1,6% inferior ao registrado na temporada anterior. Com esse desempenho, é possível que o total exportado supere 44,3 milhões de sacas, indicando uma revisão para cima da safra anterior, atualmente estimada em 64,7 milhões de sacas, segundo o adido do USDA.

Perspectivas para a safra global 2025/26 indicam recuperação de estoques

As projeções iniciais para o ciclo global do café 2025/26 apontam para um cenário de alívio nos estoques mundiais. A produção brasileira deve registrar um leve crescimento de 0,5%, com a menor produção de arábica sendo compensada por uma safra robusta de conilon. No entanto, o crescimento da produção mundial deve ser mais expressivo, estimado em 1,7%, puxado por bons desempenhos de outros países produtores, com exceção da Colômbia.

Mesmo que o consumo global cresça 2% — contra 1% no ciclo anterior — o estoque final deverá subir 22%, elevando a relação estoque/consumo (E/C) de 17% para 21%. Para evitar esse aumento expressivo nos estoques, seria necessário um crescimento do consumo ainda mais acelerado. Diante do bom desempenho climático no Brasil, o viés para a safra seguinte é de recuperação. Detalhes adicionais serão apresentados no Visão Agro 2025/26, previsto para o início do próximo mês.

Cautela no curto prazo: volatilidade climática e incertezas quanto à safra

Apesar do cenário de queda, o Itaú BBA aponta que é prematuro prever uma correção mais acentuada nos preços do café arábica. A atual época do ano ainda exige atenção por conta da possibilidade de geadas, e não há café novo disponível no mercado. Além disso, a qualidade e o rendimento da safra colhida seguem em avaliação.

No entanto, a desvalorização mais intensa do conilon pode exercer pressão adicional sobre o arábica, exigindo atenção redobrada dos agentes do mercado, especialmente nas decisões de venda.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio