Copom pode interromper ciclo de alta da Selic após nove meses de elevações consecutivas

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Copom avalia fim do ciclo de alta da Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (18), em Brasília, e pode encerrar o atual ciclo de aumento da taxa Selic, que está em 14,75% ao ano — o maior nível em quase duas décadas. A decisão será anunciada após as 18h.

Desde setembro do ano passado, o Copom promoveu seis elevações consecutivas nos juros com o objetivo de conter as pressões inflacionárias.

Mercado dividido sobre os próximos passos

O mercado financeiro ainda não chegou a um consenso sobre a decisão do Copom. A maioria dos analistas ouvidos pelo próprio Banco Central em pesquisa recente com mais de 130 instituições acredita que o momento é propício para pausar a alta da Selic.

Apesar disso, alguns bancos ainda projetam um novo aumento, levando a taxa para 15% ao ano. A justificativa é de que o BC deve manter a política monetária contracionista até consolidar a queda da inflação e estabilizar as expectativas do mercado.

Como funciona a política de juros do Banco Central

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, afetando diretamente o custo do crédito e o consumo das famílias, especialmente as de baixa renda. A instituição adota o sistema de metas de inflação para orientar suas decisões.

Desde 2025, o Brasil adota o modelo de meta contínua, com o centro em 3%, sendo considerada cumprida se a inflação variar entre 1,5% e 4,5%.

Importante destacar que a política monetária age com defasagem: as mudanças na Selic demoram entre seis e 18 meses para impactar totalmente a economia. Por isso, o BC já toma decisões olhando para as projeções até o segundo semestre de 2026.

Projeções de inflação seguem acima da meta

As previsões do mercado para a inflação oficial continuam acima da meta central de 3% estipulada pelo BC. Veja as estimativas:

  • 2025: 5,25% (acima do teto)
  • 2026: 4,5%
  • 2027: 4%
  • 2028: 3,85%

O próprio Banco Central já admitiu a possibilidade de descumprimento da meta em junho, completando seis meses com inflação acima do teto de 4,5%.

Na ata da última reunião do Copom, realizada em maio, a instituição afirmou que seguirá vigilante e que o ritmo do aperto monetário continuará focado no objetivo de reconduzir a inflação às metas estabelecidas.

Crescimento da economia em desaceleração

O BC tem sinalizado que a desaceleração econômica é parte da estratégia para conter a inflação. Segundo a ata da última reunião do Copom, o chamado “hiato do produto” permanece positivo — ou seja, a economia ainda opera acima de seu potencial.

A autoridade monetária reconhece que os juros elevados já contribuem para esfriar a atividade econômica e que os impactos sobre o emprego devem se intensificar.

Em maio, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçou que manter os juros em patamar restritivo por mais tempo faz sentido diante do atual cenário inflacionário.

Efeitos dos juros altos na economia

Especialistas apontam diferentes impactos do atual nível da Selic sobre a economia brasileira:

  • Juros bancários elevados:
    • A taxa média de juros em operações com pessoas físicas e empresas atingiu 45,3% em abril, o maior patamar desde agosto de 2017.
  • Freio no crescimento econômico:
    • O consumo tende a desacelerar, dificultando o avanço do PIB, o crescimento do emprego e da renda da população.
  • Aumento do custo da dívida pública:
    • Em 12 meses até abril, os gastos com juros do setor público somaram R$ 928 bilhões (7,7% do PIB), elevando o endividamento.
  • Rendimentos maiores na renda fixa:
    • Com juros altos, aplicações como Tesouro Direto e debêntures tornam-se mais atrativas, reduzindo o apelo do mercado de ações.

A decisão do Copom será crucial para o rumo da política econômica brasileira e poderá sinalizar os próximos passos do Banco Central na tentativa de equilibrar crescimento, inflação e contas públicas.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio