Custos de produção sobem e apertam a rentabilidade em várias cadeias do agro

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Produtores de diferentes regiões do país estão enfrentando desafios crescentes para manter a rentabilidade. Levantamentos recentes do projeto Campo Futuro, desenvolvido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), mostram que o aumento dos custos, associado a problemas de produtividade, tem pressionado os resultados econômicos de diversas atividades agropecuárias.

O projeto conta ainda com apoio de universidades e centros de pesquisa, e tem como objetivo fornecer dados técnicos e econômicos para que o produtor rural possa planejar melhor sua atividade e tomar decisões mais seguras.

No interior de São Paulo, a cana-de-açúcar teve queda expressiva na margem líquida, impactada principalmente pela redução na qualidade da matéria-prima. Esse fator, somado à alta nos custos operacionais — como defensivos e mão de obra —, tem exigido mais atenção à gestão nas propriedades. Segundo dados de mercado, o custo médio para produzir uma tonelada de cana na região sudeste já ultrapassa os R$ 120, valor superior ao registrado em anos anteriores, quando girava entre R$ 100 e R$ 110.

Na avicultura de corte, o levantamento feito em Maraú (RS) apontou que o custo operacional efetivo por ave chega a R$ 1,14. O maior peso continua sendo o gasto com aquecimento das granjas, principalmente em períodos de temperaturas mais baixas. Para comparação, produtores do Centro-Oeste chegam a trabalhar com custos até 15% menores, graças ao clima mais ameno e à maior proximidade dos insumos.

A pecuária de leite também apresenta alerta. No município de Macuco, no estado do Rio de Janeiro, a análise revelou que apenas 28% do rebanho está em lactação, o que compromete seriamente a geração de receita. Esse número está bem abaixo da média nacional, que costuma ficar entre 35% e 40%, segundo dados do setor. A baixa eficiência reprodutiva, combinada aos custos crescentes de alimentação e assistência técnica, tem colocado muitos produtores no limite da viabilidade econômica.

No sul do país, a viticultura enfrenta um cenário contraditório. Em Tangará (SC), apesar do aumento na produtividade da uva Isabel, os custos seguem superiores às receitas. A mão de obra, a aquisição de insumos e a elevação nos custos logísticos seguem como os principais desafios para que a atividade se torne sustentável financeiramente.

O cultivo de tomate, também em Santa Catarina, apresentou bons índices produtivos. No entanto, a despesa com mão de obra responde por cerca de 30% do custo total, o que mantém a rentabilidade apertada. Esse percentual é considerado alto, sobretudo se comparado a outras culturas da horticultura, onde o peso da mão de obra gira entre 18% e 25%.

Outros segmentos, como a avicultura de postura em Sidrolândia (MS) e a piscicultura de tilápia no Espírito Santo, também foram analisados. Nestes casos, os dados reforçam a necessidade de aprimorar a gestão financeira, planejar melhor a compra de insumos e buscar alternativas tecnológicas que reduzam os custos.

De forma geral, os resultados dos painéis indicam um cenário que exige mais atenção à gestão econômica da propriedade. Além de orientar os produtores, os levantamentos também fornecem dados que podem embasar políticas públicas mais aderentes à realidade do campo.

Fonte: Pensar Agro