Um estudo conduzido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), da Universidade Positivo (UP) e da Universidade de Vermont (EUA) revelou que manter bezerras leiteiras alojadas em pares já na primeira semana de vida pode gerar ganhos significativos para o bem-estar e o desenvolvimento dos animais.
A prática, segundo os cientistas, não compromete a saúde dos bezerros e ainda promove um comportamento mais equilibrado e sociável, além de melhorar a adaptação alimentar.
Importância do setor leiteiro no Brasil
O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo, com mais de 34 bilhões de litros ao ano, conforme dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de 2024. São mais de 1 milhão de propriedades leiteiras espalhadas por 98% dos municípios brasileiros, sustentando diretamente cerca de 4 milhões de pessoas — a maioria pequenos e médios produtores.
Diante da relevância social e econômica dessa cadeia produtiva, o aprimoramento das práticas de manejo tem ganhado cada vez mais atenção da comunidade científica.
Objetivo e metodologia da pesquisa
O estudo avaliou o impacto do alojamento em pares em diferentes idades, com o objetivo de identificar qual momento é mais benéfico para a saúde e o comportamento das bezerras.
Foram analisados 140 animais da raça Holandesa, divididos em três grupos conforme a idade de início do pareamento:
- Grupo precoce: alojadas em pares aos 7 dias de vida
- Grupo intermediário: pareamento aos 30 dias
- Grupo tardio: pareamento aos 50 dias
O acompanhamento foi feito até o desaleitamento, aos 78 dias de idade, incluindo observações comportamentais diárias, avaliação de saúde, consumo de ração e ganho de peso.
Resultados e conclusões
Segundo Michail Moroz, médico-veterinário e doutorando da PUCPR, as bezerras que foram alojadas em pares desde a primeira semana de vida apresentaram maior frequência de comportamentos positivos, como exploração, brincadeiras e interações sociais. Também demonstraram menor incidência de comportamentos negativos, como ociosidade e atitudes repetitivas ou anormais.
Embora o peso final ao desaleitamento tenha sido semelhante entre os grupos, os animais do grupo precoce apresentaram maior uniformidade de peso — um indicativo de melhor adaptação alimentar.
Outro ponto destacado foi a ausência de diferenças significativas na incidência de doenças entre os grupos, o que reforça a segurança do alojamento precoce em termos de saúde animal.
Recomendações dos pesquisadores
Com base nos resultados, os autores recomendam o alojamento em pares desde a primeira semana de vida como uma prática benéfica, sem impacto negativo na saúde ou desempenho produtivo.
“A criação em duplas se mostra uma estratégia eficiente para atender às exigências crescentes do mercado em relação ao bem-estar animal, ao mesmo tempo em que mantém a produtividade do rebanho”, destaca o professor Ruan Daros, coordenador do estudo e docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUCPR.
Publicação do estudo
O artigo completo, intitulado “When to pair: Effects of different pairing ages on dairy calf health, behavior and performance”, foi publicado em janeiro de 2025 na Journal of Dairy Science e está disponível no link: https://doi.org/10.3168/jds.2024-25686.
Assinam o estudo:
- Michail Sabino Moroz, doutorando da PUCPR
- Camila Cecilia Martin, professora da Universidade Positivo
- João Henrique Cardoso Costa, professor da Universidade de Vermont (EUA)
- Ruan Daros, coordenador da pesquisa e docente da PUCPR
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio