Os contratos futuros de açúcar encerraram a quinta-feira (26) em queda nas principais bolsas internacionais, dando continuidade à tendência de baixa que já dura três meses. A desvalorização ocorre diante da expectativa de um superávit global expressivo para a safra 2025/26.
Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de açúcar deve crescer 4,7%, atingindo 189,3 milhões de toneladas. Já o excedente global pode somar 41,2 milhões de toneladas, um aumento de 7,5% em relação ao ciclo anterior.
Monções impulsionam produção na Ásia
Na Ásia, o clima também favorece o aumento da oferta. Na Índia, segundo maior produtor mundial, a produção de açúcar deve avançar 19% na próxima temporada, totalizando 35 milhões de toneladas. O crescimento é impulsionado pela expansão da área cultivada e pelas chuvas de monção acima da média, o que reforça a pressão sobre os preços internacionais.
Mistura de biocombustíveis pode limitar produção de açúcar
Enquanto isso, o cenário doméstico pode influenciar na destinação da cana-de-açúcar. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, na quarta-feira (25), o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% (E30) e do biodiesel no diesel de 14% para 15% (B15), medida que passa a valer a partir de 1º de agosto.
De acordo com o analista Maurício Muruci, da Safras & Mercado, a demanda por etanol anidro deve crescer cerca de 1,65 bilhão de litros nos próximos 12 meses. Isso exigirá maior volume de cana destinado à produção do biocombustível, podendo reduzir a oferta de matéria-prima para o açúcar.
Inicialmente, parte dessa demanda será suprida pela conversão da produção de etanol hidratado para anidro, o que pode elevar os preços do hidratado. Essa movimentação pode limitar a produção de açúcar e sustentar os preços no mercado internacional, apesar do cenário de superoferta.
Comportamento do mercado internacional
Na ICE Futures, em Nova York, o açúcar bruto apresentou desempenho misto:
- Julho/25: queda de 33 pontos, cotado a 15,65 centavos de dólar por libra-peso;
- Outubro/26: alta de 1 ponto, negociado a 16,90 centavos de dólar por libra-peso.
Já na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco recuou:
- Agosto/25: queda de US$ 1,10, para US$ 477,90 por tonelada;
- Outubro/25: baixa de US$ 2,60, cotado a US$ 467,10 por tonelada.
Mercado interno: açúcar cristal em queda, etanol hidratado em alta
No Brasil, o Indicador Cepea/Esalq (USP) apontou recuo de 0,90% no preço do açúcar cristal, que foi negociado a R$ 118,76 por saca de 50 quilos.
Por outro lado, o etanol hidratado apresentou valorização. De acordo com o Indicador Diário Paulínia, o metro cúbico do biocombustível foi cotado a R$ 2.736,00, com alta de 0,96%.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio