Exportações em queda pressionam preços do frango no mercado interno, aponta Itaú BBA

0
15
Embargos internacionais derrubam preços no mercado interno

O mercado brasileiro de carne de frango tem enfrentado forte pressão nos preços desde os embargos impostos por diversos países às exportações nacionais, após a confirmação de um caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul em 15 de maio. Com a menor saída de produtos para o mercado externo, a oferta interna aumentou, enfraquecendo as cotações e reduzindo as margens do setor.

Segundo dados do Cepea, o preço da carne de frango, que chegou a R$ 8,81/kg em 15 de maio, caiu 16,3% até 16 de junho, retornando para R$ 7,37/kg — valor próximo ao registrado no mesmo período do ano passado.

Queda nos spreads e margens pressionadas

O spread do frango abatido — indicador da diferença entre preço de venda e custo — fechou maio em 44%, acima da média histórica dos últimos cinco anos (30%) e da média desde 2006 (35%). Em maio de 2024, esse percentual estava em 38%. Já em junho, considerando a primeira quinzena, o custo de produção recuou 2%, enquanto o preço médio da ave abatida caiu 13%, resultando em um spread de 36%.

Exportações em retração acentuada

O impacto dos embargos também foi sentido nas exportações. Em maio, o Brasil embarcou 336 mil toneladas de carne de frango in natura, volume 17,4% inferior ao de abril de 2025 e 21,9% menor na comparação com maio de 2024. O preço médio de exportação caiu 1,9% frente ao mês anterior.

Na parcial de junho (até a segunda semana), a projeção é de queda ainda mais acentuada nos embarques: retração de 25,3% em relação a junho de 2024. Além disso, o preço médio em dólares também apresenta tendência de baixa, com recuo de 3,3%.

Produção ainda não desacelera, mas tendência é de redução

Os dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) apontaram queda de 4% no volume de abates em abril, seguida de uma alta de 7% em maio, na comparação com os mesmos meses de 2024. No primeiro trimestre, o IBGE já havia registrado aumento médio de 2,3% na produção.

No entanto, a expectativa é de que os alojamentos de pintainhos estejam sendo reduzidos em junho, o que poderá gerar menor oferta de frangos abatidos a partir da segunda quinzena de julho, considerando o ciclo produtivo médio de 45 dias.

Expectativas para alívio nos bloqueios e incertezas nas exportações

Apesar da competitividade da carne de frango frente a outras proteínas, como o dianteiro bovino e a meia carcaça suína, os preços internos seguem sob risco de novas quedas, especialmente diante do desafio logístico e financeiro de remanejar estoques acumulados.

Há uma expectativa de que os embargos comecem a ser retirados gradualmente, caso não haja novos casos de gripe aviária até 16 de junho. Ainda assim, o fim do vazio sanitário no Rio Grande do Sul, previsto para 19 de junho, não garante automaticamente a retomada das exportações. A decisão final depende dos importadores.

A China, por exemplo, determinou embargo de 60 dias a partir de 16 de maio. União Europeia, Coreia do Sul e Canadá mantêm restrições a todo o território brasileiro. Já países como México, Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita limitaram os bloqueios apenas ao estado gaúcho.

Custo de produção alivia parte da pressão

Apesar do cenário desafiador para as exportações, os custos de produção apresentam viés positivo. O milho, após meses de valorização, voltou a recuar com os bons resultados da safrinha, e o farelo de soja também segue com preços mais baixos — fatores que trazem algum alívio ao setor produtivo.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio