O produtor rural brasileiro entra no fim de semana em compasso de espera. Na próxima segunda-feira (30.06), está previsto o anúncio oficial do Plano Safra 2025/26, e a principal expectativa gira em torno das novas taxas de juros, que devem subir para todas as categorias de produtores: pequenos, médios e grandes.
De acordo com informações de bastidores, o governo já definiu um aumento nos juros das principais linhas de crédito rural, com elevação que deve variar entre 1,5 e 2,5 pontos percentuais. A medida é considerada necessária para adequar os recursos disponíveis no orçamento à manutenção da política de crédito rural, especialmente em um cenário de taxa Selic alta, atualmente em 15%.
“É fundamental que o Plano Safra 2025/26 considere a diversidade da agricultura brasileira. Temos produtores familiares que precisam de apoio para manter suas lavouras, médios produtores que puxam o crescimento de regiões inteiras e grandes grupos que colocam o Brasil na liderança mundial de produção de alimentos. Um plano equilibrado, que atenda a todos de forma eficiente, é o que vai permitir que o agro continue forte, competitivo e sustentável”, defendeu o presidente do IA.
“Também precisamos olhar com atenção para as linhas de financiamento ligadas à inovação, à sustentabilidade e à bioeconomia. O campo está mudando, e o produtor quer fazer mais com menos, produzir com responsabilidade e acessar novas tecnologias. Para isso, o crédito precisa chegar na ponta com agilidade, transparência e sensibilidade às particularidades de cada região. Um Plano Safra eficiente é aquele que constrói pontes e não barreiras”, frisou Rezende.
Entre os programas mais aguardados está o Pronamp, voltado ao médio produtor rural, que deve sofrer uma alta próxima de 2 pontos percentuais, ultrapassando os dois dígitos e chegando a 10% ao ano. Mesmo com o ajuste, algumas finalidades específicas podem ter taxas um pouco menores.
No caso do Pronaf, voltado à agricultura familiar, o impacto será mais moderado. As linhas devem registrar aumento de até 2 pontos percentuais, elevando algumas taxas atualmente em 4% ou 6% para patamares entre 6% e 8%. Contudo, o governo ainda pretende preservar taxas reduzidas para linhas prioritárias, como as destinadas à produção de alimentos da cesta básica, que devem permanecer em 3% ao ano.
A linha voltada à agroecologia também deve continuar em 2% ao ano, valorizando práticas sustentáveis num momento em que o tema ambiental ganha força com a proximidade da COP 30, marcada para novembro, em Belém (PA).
Além disso, linhas específicas como o programa Mais Alimentos, que financia a compra de máquinas adaptadas à agricultura familiar, e outras voltadas para mulheres, jovens, assentados da reforma agrária e comunidades tradicionais, seguirão com condições especiais de incentivo.
Já os grandes produtores devem se preparar para juros mais altos. A previsão é que as taxas fiquem em torno de 13,5% ao ano nas linhas de custeio e comercialização. No entanto, há pouca disponibilidade de novos recursos com juros controlados para esse grupo. Por isso, o Ministério da Agricultura ainda tenta segurar um novo reajuste mais agressivo, embora haja pressão para elevar esse teto e liberar mais verba para financiamento.
A definição das taxas é parte fundamental para viabilizar o orçamento reservado à equalização dos juros, ou seja, ao subsídio que torna os financiamentos mais acessíveis ao produtor. Segundo fontes da equipe econômica, cerca de R$ 1,3 bilhão já está reservado para esse fim entre julho e dezembro. A manutenção da Selic em 15% permite prever certa estabilidade nos custos, mas a queda do IOF, aprovada recentemente, ainda pode exigir cortes adicionais no orçamento.
Outro ponto que ainda preocupa técnicos do governo e especialistas do setor é o custo total do Plano Safra nos próximos anos. Mesmo com o aumento dos juros para produtores médios e grandes, estima-se que o gasto com a equalização ultrapasse os R$ 16,3 bilhões gastos na temporada 2024/25, especialmente por conta da Taxa Média da Selic (TMS), que continua elevada.
Por enquanto, o que se sabe com mais clareza é que o aumento dos juros está confirmado e será necessário para manter a estrutura do crédito rural em funcionamento. Com isso, o governo pretende assegurar apoio à produção de alimentos básicos e fortalecer a agricultura familiar, mantendo incentivos para práticas sustentáveis e ampliando o acesso ao crédito para os mais vulneráveis do campo.
Fonte: Pensar Agro