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Israel lança nova onda de ataques contra o Irã, que retalia com drones

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – As forças de Israel lançaram ao longo desta sexta (13) uma nova onda de ataques aéreos contra o Irã, mirando a defesa aérea do país no prosseguimento da nova e perigosa etapa da guerra no Oriente Médio. Teerã, por sua vez, lançou uma primeira leva de drones contra o Estado judeu.

Foi uma retaliação àquilo que o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, classificou de “declaração de guerra” em mensagem ao Conselho de Segurança da ONU. O governo de Tel Aviv fez o primeiro ataque contra o programa nuclear do rival nesta madrugada (noite de quinta, 12, no Brasil).

Sem emprego aparente de mísseis balísticos, que causaram bastante impressão no ataque direto a Israel em outubro passado, a retaliação com drones parece ter sido apenas um sinal da liderança da teocracia de que não está passiva ante a violência do bombardeio.

Não houve danos registrados ainda em Israel, e boa parte dos drones pode ter sido abatida pela Jordânia, que afirmou ter acionado defesas aéreas para evitar danos às suas cidades.

Já a nova etapa de ataques israelenses ocorreu em Tabriz, Shiraz, Khorramabad e outros pontos, segundo relatos da mídia local, contra instalações militares. As forças de Israel disseram ter completado essa etapa da operação, que mirou o sistema de defesa aérea e a indústria de mísseis do país.

Os alvos da primeira leva foram concentrados em Teerã, onde boa parte da cadeia de comando militar iraniana foi morta, e instalações do programa nuclear do país, inclusive o reator principal em Natanz.

Segundo o porta-voz militar israelense Effie Defrin, a instalação sofreu “danos consideráveis”. O diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Grossi, disse estar em contato com Teerã para avaliar o estrago e o risco de contaminação nuclear. Mesmo crítico do Irã, ele disse que “instalações nucleares nunca devem ser atacadas”.

O Exército de Teerã afirmou que “não terá limites” em sua resposta a Israel, e o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, disse que “o regime sionista impôs a si mesmo um destino amargo e doloroso”.

Khamenei, evitando a letargia que atingiu o Hamas e o Hezbollah quando tiveram suas cúpulas decapitadas por Israel, na esteira do mortífero ataque do grupo terrorista palestino em 7 de outubro de 2023, já nomeou novos chefes militares.

Foram mortos os dois principais comandantes do país, o chefe do Estado-Maior da Forças Armadas, general Mohammed Bagheri, e o líder da Guarda Revolucionária, Hossein Salami. Além disso, diversos cientistas nucleares importantes foram assassinados na ação.

O programa dos aiatolás está no centro da crise, que tinge com cores dramáticas uma situação que já vinha complexa desde o 7 de Outubro, quando o governo de Binyamin Netanyahu foi a um acerto de contas regional.

O belicoso premiê israelense sempre prometeu impedir Teerã de ter a bomba atômica. Em 2015, o Irã fez um acordo com os Estados Unidos e outras potências para trocar a pretensão nuclear por fim de sanções econômicas.

Durou até 2018, quando Donald Trump retirou Washington do arranjo, dizendo que os aiatolás só estavam comprando tempo. De lá para cá, a AIEA registrou o aumento do enriquecimento de urânio no país persa.

Na quinta (12), a agência da ONU, pressionada pelos EUA, enfim declarou que o Irã estava em total desacordo com o regime de inspeções internacionais, dando uma senha legal para a ação de Israel: Teerã, afinal, tem como política declarada aniquilar o Estado judeu, e analistas estimam que já tenha material físsil para talvez seis ogivas.

Disso para uma bomba viável a ser lançada por míssil é um passo de poucos meses, como o próprio Agahchi já disse em público. Outro fator central para Israel é a fraqueza do regime após as guerras do 7 de Outubro, crise econômica e social.

A degradação imposta por Tel Aviv aos prepostos regionais do Irã, o Hezbollah à frente, ficou evidente na reação do grupo libanês aos ataques. Ele os condenou, mas não fez menção de retaliar em nome dos patronos. Os houthis do Iêmen, especialmente ativos no conflito, ainda não lançaram os costumeiros mísseis e drones contra Israel.

Com as cartas na mesa, nada indica que o ciclo de violência não continuará a escalar. O presidente americano foi a redes sociais para dizer que os linha-dura no Irã estão “TODOS MORTOS agora”, com seu uso típico de maiúsculas.

Ele advertiu o Irã, com quem havia aberto negociações truncada no mês passado, a voltar à mesa porque as próximas ondas de ataque serão “ainda piores”. Considerando que os EUA são os fiadores militares do Estado judeu, presume-se que ele saiba do que está falando —embaixadas americanas na região vinham sendo esvaziadas de pessoal não essencial nesta semana.

De seu lado, Washington também tem ativos importantes na região, a começar por uma concentração de bombardeiros e aviões de ataque, além de suporte logístico, na base de Diego Garcia, no Índico. O reforço já vinha ocorrendo ao longo das negociações entre americanos e iranianos.

Ela fica longe o suficiente do alcance dos mísseis iranianos, mas permite ataques a Teerã com o apoio de aeronaves de reabastecimento. Além disso, há um grupo de porta-aviões operando na região, liderado pelo USS Carl Vinson.

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