Relatório do Itaú BBA analisa desafios do mercado de arroz
O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, trouxe uma análise aprofundada sobre o atual momento do mercado do arroz. De acordo com o documento, o setor enfrenta forte pressão sobre os preços devido à elevada oferta interna e à baixa competitividade no mercado internacional.
Oferta elevada pressiona preços no mercado interno
Com a colheita da safra 2024/25 já finalizada, o mercado doméstico de arroz continua pressionado por uma oferta expressiva. A abundância de produto, tanto no Brasil quanto em outros países produtores, tem limitado a competitividade das exportações nacionais.
Essa combinação resultou em uma situação desfavorável para os produtores: o volume de importações superou o de exportações em maio, gerando ainda mais pressão sobre os preços do cereal. Em muitos casos, as cotações estão abaixo dos custos de produção, o que acende um sinal de alerta para o setor.
Queda acentuada nos preços do arroz
- Em maio, o preço do arroz fechou a R$ 71,73/saca, uma queda de 3% em relação a abril;
- Nos primeiros dias de junho, houve nova desvalorização de 7%, com a saca cotada a R$ 66,04 no dia 13/06;
- No acumulado de 2024, a retração já é de 29%.
Esse movimento reflete o balanço entre oferta e demanda, que segue favorável ao abastecimento. No cenário internacional, o índice de preços da FAO também apresenta retração: uma queda de 22,6% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Exportações decepcionam e importações crescem
A expectativa de que as exportações ajudassem a equilibrar o mercado não se concretizou. Segundo dados da Secex, o Brasil exportou 62,8 mil toneladas de arroz em maio, volume 5,6% inferior ao de abril e um dos menores para o mês.
Enquanto isso, as importações seguiram em alta, com destaque para o arroz vindo do Paraguai. Mesmo com ampla oferta nacional, a atratividade do produto importado pesou mais, ampliando o desequilíbrio entre entrada e saída do cereal.
Concorrência externa intensifica pressão
A oferta global robusta e os preços competitivos dos principais exportadores têm dificultado a colocação do arroz brasileiro no mercado externo. Na Bolsa de Chicago, o arroz encerrou maio em queda de 3,2%, cotado a USD 283/t. Em junho, houve recuperação parcial, com cotação média de USD 300/t até o dia 13.
Na Índia, principal exportador global, os estoques elevados contribuíram para a queda de preços e aumento da competitividade. O mesmo ocorreu no Mercosul, onde a produção foi positiva e gerou excedente para exportação.
Tendência de pressão baixista continua
As perspectivas para o mercado de arroz seguem negativas no curto e médio prazo. Entre os fatores que mantêm o cenário desfavorável estão:
- Valorização do real, que encarece as exportações;
- Preços atrativos do arroz importado, especialmente dos países do Mercosul;
- Falta de estímulos à exportação brasileira, o que reduz alternativas de escoamento.
Com os preços abaixo dos custos de produção, cresce a preocupação dos produtores e entidades do setor.
Setor pressiona por apoio público
Diante da crise, o setor produtivo tem buscado apoio junto à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a adoção de medidas de amparo. Entre as propostas está a utilização de contratos de opção, mecanismo que pode ajudar a reduzir a pressão de oferta e mitigar os prejuízos dos produtores. No entanto, ainda não há confirmação sobre a implementação dessas ações.
Panorama internacional: produção e estoques em alta
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa de produção global de arroz para a safra 2025/26 foi revisada para cima, totalizando 542 milhões de toneladas (MMt).
A Índia, mais uma vez, deve liderar com produção recorde de 151 MMt. Além disso, os estoques iniciais foram revisados positivamente e, mesmo com o aumento do consumo, os estoques finais devem atingir 188 MMt.
O cenário global é de ampla oferta, demanda contida e elevada competitividade entre exportadores, o que deve manter os preços pressionados tanto no mercado internacional quanto no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio