Desafios na safra de trigo no Brasil
O mercado de trigo no Sul do Brasil vive um cenário desafiador, especialmente no Rio Grande do Sul. De acordo com a TF Agroeconômica, embora a Emater projete uma área de plantio de 1,19 milhão de hectares para a safra 2025, a estimativa de cooperativas, cerealistas e produtores aponta para, no máximo, 1 milhão de hectares.
Entre os principais entraves estão o uso reduzido de adubação de base e as chuvas excessivas que atrasaram o plantio. Com isso, a produção gaúcha deve ficar entre 3,0 e 3,3 milhões de toneladas — abaixo da expectativa da Conab, que pode rever sua projeção nacional com uma redução de até 1 milhão de toneladas. A situação é agravada pelo descarte de sementes, o que indica uma queda de 65% no volume inicialmente planejado para uso.
Comercialização parada no Sul e preços pressionados
No mercado disponível, a comercialização segue praticamente estagnada, sem negociações futuras ou nova demanda. Os moinhos consideram elevado o preço de referência futuro de R$ 1.330,00 em Rio Grande, enquanto a farinha não reage no mercado. Há entre 320 mil e 370 mil toneladas disponíveis para negociação no estado. Na exportação, o valor para dezembro recuou para R$ 1.280,00, refletindo a baixa presença dos moinhos. Em Panambi, o preço da pedra permanece em R$ 70,00 por saca.
Santa Catarina depende do escoamento da farinha
O mercado catarinense continua lento e depende do escoamento da farinha para movimentar as negociações. Os moinhos operam com preços entre R$ 1.420,00 e R$ 1.430,00 CIF. Já a sobra de semente é negociada a R$ 1.500,00 FOB. O trigo vindo do Rio Grande do Sul chega ao estado entre R$ 1.480,00 e R$ 1.500,00 CIF.
Segundo a Conab, mesmo com um leve aumento na área cultivada, a produção em Santa Catarina deverá cair 6,3%. Os preços da pedra variam entre R$ 75,00 e R$ 80,00 a saca, mantendo estabilidade conforme a região.
No Paraná, mercado travado e importação argentina pressiona preços
No Paraná, o cenário não é diferente. O mercado segue travado, com vendedores buscando acima de R$ 1.550,00 por tonelada FOB. No entanto, os compradores oferecem R$ 1.500,00 CIF para julho e outubro.
A concorrência com o trigo importado, principalmente da Argentina, pressiona os preços internos. Em Paranaguá, as ofertas giram entre US$ 275 e US$ 278 por tonelada. Ainda assim, segundo o Deral, a média da pedra caiu 0,70% na semana, ficando em R$ 78,70 por saca, o que garante um lucro médio de 7,03% ao produtor.
Alta em Chicago com piora nas lavouras americanas
Na Bolsa de Chicago (CBOT), o trigo encerrou a sessão com fortes altas, impulsionado pelo agravamento nas condições das lavouras de trigo de inverno nos Estados Unidos. O clima adverso no país gerou preocupações que sustentaram os preços, apesar do avanço da colheita limitar parte do movimento.
Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) indicam que, até 15 de junho, 52% das lavouras estavam em condições boas ou excelentes, 29% em situação regular e 19% em condições ruins ou muito ruins. Na semana anterior, 54% estavam classificadas como boas ou excelentes.
Com isso, os contratos para julho de 2025 subiram 12,50 centavos de dólar, ou 2,32%, fechando a US$ 5,49 por bushel. Os contratos para setembro encerraram a US$ 5,65 1/2 por bushel, com alta de 13,25 centavos, ou 2,39%.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio