Mercado do café segue pressionado com avanço da colheita no Brasil e previsão de safra global recorde, aponta USDA

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Geadas não afetam cafezais, mas mercado continua volátil

A semana foi marcada por preocupações com a possibilidade de geadas no cinturão cafeeiro brasileiro devido à passagem de uma massa de ar polar. No entanto, apesar do frio intenso, não foram registrados danos significativos às lavouras nas principais regiões produtoras. Nas bolsas de Nova York (arábica) e Londres (robusta), o clima gerou volatilidade, mas o mercado terminou a semana com cotações pressionadas.

Cotações internacionais recuam com avanço da colheita e dólar fraco

Segundo o consultor Gil Barabach, da Safras & Mercado, o mercado reagiu ao susto climático com uma forte retração nos preços. Em Nova York, o café arábica chegou a testar os 300 centavos de dólar por libra-peso. Já o robusta em Londres se aproximou dos US$ 3.500 por tonelada.

Embora o enfraquecimento do dólar e ajustes técnicos tenham favorecido leves correções positivas, os fundamentos ainda apontam para pressão nos preços. O avanço da colheita brasileira, que já ultrapassou a metade da safra, aliado à perspectiva de maior oferta global de robusta, continua pesando sobre as cotações.

USDA projeta safra global recorde e superávit de oferta em 2025/26

O mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reforça o cenário de pressão sobre os preços. A projeção é de uma produção mundial recorde de 178,68 milhões de sacas de 60 kg para a safra 2025/26, um aumento de 2,5% em relação à temporada anterior (174,395 milhões de sacas).

O crescimento é atribuído à recuperação na produção do Vietnã e da Indonésia, além de uma safra recorde na Etiópia.

O consumo global também deve crescer, chegando a 169,363 milhões de sacas, um aumento de 1,7% em relação à safra 2024/25.

Com isso, o mercado terá um superávit de oferta de 9,317 milhões de sacas, acima do superávit de 7,88 milhões registrado na temporada anterior.

Estoques seguem apertados, mas produção avança nos principais países

Mesmo com o superávit, os estoques finais globais devem permanecer apertados: o USDA estima 22,819 milhões de sacas para 2025/26, ligeiramente acima das 21,752 milhões do ciclo 2024/25.

Entre os principais produtores, o Brasil deve registrar uma safra de 65,0 milhões de sacas, frente às 64,7 milhões da temporada anterior.

No Vietnã, a produção deve subir de 29,0 para 31,0 milhões de sacas, conforme a projeção oficial norte-americana.

Mercado físico brasileiro acompanha queda nas bolsas

A retração nas bolsas internacionais também impactou os preços no mercado físico brasileiro ao longo de junho.

  • No Sul de Minas, o arábica de bebida boa é cotado a R$ 1.940 por saca, com queda de 17% no mês e 13% no acumulado de 2025. Ainda assim, o preço apresenta valorização nominal de 44% em relação a junho de 2024.
  • Já o conilon tipo 7/8 em Colatina (ES) é negociado a R$ 1.100 por saca, acumulando queda de 23% em junho e 42% no ano. Em relação ao mesmo período de 2024, o recuo é de 11%.

Com o avanço da colheita no Brasil, a previsão de safra mundial recorde e um superávit expressivo, o cenário do mercado de café permanece desafiador, com cotações pressionadas e incertezas quanto à recuperação dos preços no curto prazo.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio