Mercado do trigo enfrenta queda nos preços e aumento nas importações, aponta Itaú BBA

0
5
Trigo nacional registra baixa liquidez e preços em queda

O mercado brasileiro de trigo segue em ritmo lento durante o período de entressafra, com negociações internas limitadas e forte dependência das importações. De acordo com o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, os preços no mercado spot apresentaram queda em maio e início de junho, enquanto o trigo argentino conquistou mais espaço nos moinhos nacionais, beneficiado pela valorização do real frente ao dólar.

Com os moinhos abastecidos e a oferta interna restrita, a média do preço no Paraná recuou 2%, fechando a R$ 78,62/saca entre o início de maio e 10 de junho. No Rio Grande do Sul, a queda foi ainda maior, de 4%, com a saca sendo cotada a R$ 70,04. Muitos produtores preferem aguardar preços mais atrativos para comercializar o grão restante.

Trigo argentino se destaca nas importações brasileiras

Durante a entressafra, o trigo argentino manteve boa competitividade frente ao nacional, com valores mais baixos no CIF São Paulo em maio e junho. A queda do dólar e a prorrogação das retenciones (impostos de exportação) contribuíram para manter as importações aquecidas. De janeiro a maio de 2025, o Brasil importou 3 milhões de toneladas de trigo — o maior volume para o período desde 2007. Desse total, 72% teve origem na Argentina.

Cenário internacional: clima e tensões geopolíticas influenciam cotações

No mercado internacional, os preços do trigo mantiveram tendência de baixa em maio, com recuo médio de 2% na bolsa de Chicago, reflexo das boas perspectivas de produção nos Estados Unidos. No entanto, em junho, o contrato de primeiro vencimento voltou a subir, fechando em 13 de junho a US$ 543,75 cents/bushel, alta de 2% em relação ao início do mês.

Essa valorização foi impulsionada por fatores climáticos adversos em países produtores, como geadas na Rússia e seca na China, além do atraso na colheita americana causado por chuvas. As tensões no Oriente Médio, importante região importadora de trigo, também influenciaram o mercado.

Avanço da colheita nos EUA e início do plantio no Brasil

Nos Estados Unidos, a colheita da safra de inverno começou, mas está atrasada em relação à média histórica, com apenas 4% colhido. Mesmo assim, 54% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, segundo o USDA. Já na safra de primavera, a principal preocupação é a baixa umidade do solo — apenas 53% das áreas apresentam boas condições, contra 72% no mesmo período do ano passado.

No Brasil, o foco está no avanço do plantio. No Paraná, 78% das áreas já foram semeadas, segundo o Deral, com destaque para o bom estado das lavouras e controle fitossanitário adequado. As chuvas no estado devem continuar beneficiando o desenvolvimento da safra. No Rio Grande do Sul, porém, o excesso de chuvas tem limitado o avanço, com apenas 8% das áreas plantadas até o momento, de acordo com a Conab.

Área plantada deve encolher na safra 2025/26

A Conab estima uma redução de 12,6% na área cultivada com trigo na safra 2025/26 em comparação ao ciclo anterior. Entre os fatores que explicam a retração estão a relação de troca elevada para fertilizantes como ureia e MAP — superior aos níveis de 2022 — e as perdas da safra passada, especialmente no Paraná.

No estado paranaense, a queda na área plantada deve ser de 23,7%. Já no Rio Grande do Sul, a retração estimada é menor, de 4,4%, com parte das áreas sendo destinadas a outras culturas de inverno, como a canola. Além das dificuldades financeiras, o excesso de chuvas segue como principal entrave para o andamento do plantio no Sul do país.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio