Oferta elevada e importações pressionam preços do leite no Brasil

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A produção de leite no Brasil segue em ritmo de crescimento em 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a captação industrial de leite aumentou 4,5% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2024. Para o segundo trimestre, a tendência é de continuidade nesse avanço, sustentada por margens ainda favoráveis aos produtores.

Dados do MilkPoint Mercado mostram que a rentabilidade da atividade leiteira segue positiva. O indicador de receita líquida (receita menos custo com alimentação por vaca) atingiu R$ 37 em maio, superando os R$ 34 registrados no mesmo mês de 2024. A combinação de preços elevados pagos ao produtor e o comportamento estável nos custos com grãos — que continuam abundantes no mercado interno — tem favorecido a manutenção da rentabilidade.

No entanto, o cenário de oferta mais robusta não encontra um crescimento de demanda na mesma intensidade. A recuperação do consumo interno ocorre de forma gradual, e o aumento da renda real em 2025 tem sido inferior ao de 2024, mesmo com o desemprego em patamar baixo. Essa desaceleração no consumo pode levar a uma leve retração nos preços pagos ao produtor no terceiro trimestre deste ano.

No cenário internacional, o mercado de lácteos também deve enfrentar pressão nos preços. Após altas registradas nos primeiros meses de 2025, a expectativa é de queda nas cotações no terceiro trimestre, em razão da expansão da produção nas principais regiões produtoras — como Europa, Estados Unidos e América do Sul. De acordo com projeções do RaboResearch, a produção global de leite deve crescer 1,4% em litros no período, o maior ritmo desde 2021.

A demanda global, por sua vez, permanece enfraquecida diante de um crescimento econômico mais lento, juros ainda elevados e incertezas relacionadas ao comércio internacional e a questões geopolíticas. Esse desequilíbrio entre oferta em alta e demanda contida deve resultar em recuos moderados nos preços internacionais dos derivados lácteos nos próximos meses.

As importações brasileiras de lácteos continuam firmes. Nos primeiros cinco meses de 2025, o volume importado cresceu 1%, enquanto o valor desembolsado aumentou 9%. A valorização do real frente ao dólar e a queda dos preços globais tornam o produto importado mais competitivo. Por outro lado, as exportações seguem com baixa atratividade diante dos preços domésticos e do câmbio atual, tendência que deve persistir no curto prazo.

Segundo o Rabobank, o cenário geral para o setor lácteo é de oferta firme e pressão sobre os preços ao longo do terceiro trimestre. O comportamento da demanda interna e o ritmo das importações serão determinantes para o ajuste de mercado.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio