O agronegócio brasileiro acompanha com expectativa a divulgação do Plano Safra 2025/26, que deve ser anunciado até o final de junho, conforme informações do Ministério da Agricultura. Em meio a juros elevados, riscos climáticos crescentes e entraves burocráticos, o setor pressiona o governo por um pacote robusto, que inclua crédito ampliado, seguro rural fortalecido e menos burocracia.
Em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, representantes da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e do Ministério da Agricultura apresentaram propostas para garantir a sustentabilidade do crédito rural.
Equalização de juros: prioridade para médios e pequenos produtores
Com a taxa Selic girando em torno de 15% ao ano, o crédito rural tradicional se torna inviável para muitos produtores. Por isso, a equalização de juros é apontada como prioridade. O setor espera que o governo destine mais recursos para permitir operações com taxas mais acessíveis, principalmente voltadas a pequenos e médios produtores.
IOF em pauta: revisão é considerada essencial
Um dos temas mais urgentes para o setor é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, declarou à CNN Brasil que a substituição do IOF é “essencial para a sobrevivência do Plano Safra”. Ele defende um novo modelo tributário que preserve a competitividade do crédito rural.
Possível taxação das LCAs preocupa setor
Outro ponto crítico nas discussões é a possível tributação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), atualmente isentas de impostos para o investidor. Em nota, a CNA alertou que a medida poderia desestimular investidores e reduzir a oferta de crédito no país.
As LCAs têm papel fundamental na captação de recursos para o agro. Caso sejam tributadas, especialistas avaliam que isso encareceria o financiamento, especialmente junto a instituições privadas, e comprometeria o desempenho de um dos principais instrumentos de fomento ao setor.
Seguro rural e Proagro devem ganhar mais espaço
Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, cresce a demanda por mecanismos de proteção. A CNA propôs um aporte de R$ 4 bilhões no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), a criação de um fundo de catástrofe e o fortalecimento do Proagro, como forma de garantir maior segurança às lavouras.
Simplificação e crédito internacional como alternativas
A burocracia e a lentidão nos trâmites regulatórios também foram apontadas como entraves. Entre as sugestões está a digitalização completa da contratação de crédito rural e a simplificação das exigências ambientais e fundiárias.
Enquanto isso, cresce o interesse por linhas de crédito internacionais, com juros entre 6% e 8% ao ano, bem abaixo das taxas nacionais. Muitos produtores têm recorrido a essas opções diante do cenário doméstico desfavorável, agravado pela alta da Selic, pelo IOF e pela possível perda da isenção das LCAs.
Expectativas para o Plano Safra 2025/26
Segundo o Ministério da Agricultura, o Plano Safra 2025/26 será lançado até o fim de junho. A proposta deverá incorporar sugestões recebidas em audiências públicas e documentos técnicos enviados por entidades como a CNA, FPA, FAEP e diversas cooperativas estaduais.
A nova edição do plano é considerada estratégica para o futuro do agronegócio brasileiro. A manutenção de incentivos como as LCAs, a revisão urgente do IOF e o reforço no seguro rural são pontos centrais para garantir a viabilidade econômica e a competitividade do setor. Mais que crédito, está em jogo a liderança global do Brasil no agro.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio