Preço do açúcar atinge mínima desde 2021, pressionado por produção asiática e clima favorável

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Mercado internacional do açúcar registra forte queda

De acordo com o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, o açúcar segue em trajetória de baixa no mercado internacional. Em maio, a commodity recuou 2,3%, encerrando o mês cotada a USD 17,05/lb. A tendência de queda se intensificou em junho, com o preço atingindo USD 16,13/lb no dia 13, o menor patamar desde 2021.

O movimento de desvalorização é reforçado pelas boas expectativas de produção na Ásia e pelo elevado mix de açúcar no Brasil. Mesmo com preocupações iniciais sobre a produtividade agrícola no início da colheita brasileira, os impactos nos preços ainda são limitados.

Índia: clima e política favorecem recuperação da produção

Na Índia, o cenário é positivo. As chuvas acima da média em maio e a rápida evolução das monções melhoraram as condições das lavouras. Além disso, o governo definiu o preço mínimo de compra da cana pelas usinas para a safra 2025/26 em INR 3.550/t (cerca de R$ 230/t), um reajuste de 4% em relação ao ciclo anterior.

Com esses fatores, a produção indiana de açúcar deve alcançar 31 milhões de toneladas, com 4,1 milhões de toneladas da sacarose sendo desviadas para o etanol. A expectativa é de 35,1 milhões de toneladas de açúcar equivalente.

Tailândia: usinas ainda pressionadas por estoques da safra passada

Na Tailândia, o excesso de chuvas também contribui para uma perspectiva de safra positiva. Contudo, o mercado segue pressionado pelo fato de usinas estarem liquidando estoques da safra anterior, especialmente com foco no vencimento do contrato julho/2025, o que mantém a pressão sobre os preços no curto prazo.

Brasil: moagem acelera em maio, mas produtividade preocupa

No Centro-Sul do Brasil, o clima seco favoreceu a colheita em maio, ajudando a recuperar parte do atraso de abril. Na segunda quinzena de maio, a moagem atingiu 47,8 milhões de toneladas, alta de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção de açúcar foi de 2,95 milhões de toneladas, crescimento de 8,9% na mesma base de comparação.

Apesar disso, o acumulado da safra ainda apresenta queda:

  • Moagem acumulada: -11,8%
  • Produção acumulada de açúcar: -11,6%, totalizando 6,95 milhões de toneladas
  • Estimativas apontam superávit global, mas Brasil pode frustrar expectativas

A estimativa do Itaú BBA para o balanço global da safra 2025/26 indica um superávit, puxado pela recuperação das safras na Ásia:

  • Índia: produção deve crescer 18%
  • Paquistão: +12%
  • Tailândia: +8%

No entanto, a projeção de superávit global foi reduzida de 2,6 para 2,3 milhões de toneladas, após revisão para baixo da produção no Centro-Sul do Brasil.

Açúcar na cana tem concentração menor e produtividade agrícola cai

Outro fator de alerta é a queda na concentração de açúcar na cana:

  • Até a segunda quinzena de maio, o ATR acumulado é de 117 kg/t, redução de 4% na comparação anual.

A nova estimativa para a safra é de 139,6 kg ATR/t, com moagem total estimada em 590 milhões de toneladas e mix de açúcar de 52%, o que reduz a projeção de produção de açúcar de 41,2 para 40,8 milhões de toneladas.

Além disso, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) identificou uma queda de 16,6% na produtividade agrícola em abril, em relação ao mesmo mês de 2024. Embora o impacto completo ainda dependa do desempenho até agosto, o dado acende o sinal de alerta para revisões negativas mais profundas nos próximos meses.

Incertezas persistem e mercado deve acompanhar evolução da safra brasileira

Apesar do otimismo com as safras asiáticas, o mercado ainda monitora com atenção os resultados da colheita no Brasil, que surpreendeu positivamente nas duas últimas temporadas. Novas quedas nos preços dependerão da confirmação dos problemas produtivos no país, o que ainda demanda tempo e mais informações.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio