Milho registra terceira queda mensal consecutiva e pressiona mercado interno
O mercado de milho no Brasil passou por uma retração significativa nos últimos três meses, com os preços do grão recuando 23% desde março, segundo o Indicador do Milho Esalq/USP, em levantamento citado pelo Rabobank. A tendência de baixa foi impulsionada por diversos fatores, como a melhora nas condições climáticas no Brasil, perspectivas de aumento da produção nos Estados Unidos e valorização cambial.
Em março de 2025, os preços haviam alcançado o maior patamar do ano, sustentados por incertezas em torno da safrinha e expectativas de maior consumo interno. No entanto, a divulgação, no fim daquele mês, da intenção de plantio recorde de milho nos EUA para a safra 2025/26 passou a pressionar as cotações internacionais, movimento que acabou refletindo no mercado brasileiro.
Outro fator determinante foi o aumento das projeções de produtividade no campo, resultado das chuvas de abril, que melhoraram as condições para o desenvolvimento do milho safrinha. Além disso, um caso confirmado de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul elevou as incertezas sobre a demanda, afetando negativamente os preços.
Comercialização avança, mas ainda está abaixo da média histórica
Aproveitando os bons preços registrados no primeiro trimestre, muitos produtores anteciparam as vendas. Dados do IMEA mostram que a comercialização da safra 2024/25 atingiu 51% até junho, avanço de 15 pontos percentuais na comparação anual. Apesar disso, o número ainda está 10 pontos abaixo da média dos últimos cinco anos, o que mostra uma cautela por parte dos agricultores diante do cenário de preços em queda.
A colheita do milho safrinha, por sua vez, avançava lentamente até meados de junho, alcançando apenas 4% da área total — um atraso de quatro pontos percentuais em relação à média histórica para o período, segundo a Conab. No Paraná, as chuvas previstas devem continuar dificultando o progresso da colheita.
Expectativa de safra recorde nos EUA pressiona ainda mais o mercado
A expectativa de uma safra recorde nos Estados Unidos é um dos principais fatores de pressão sobre os preços do milho. O último relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta uma produção de 402 milhões de toneladas para o ciclo 2025/26 — 24 milhões a mais do que na safra anterior. Com isso, espera-se uma recomposição dos estoques norte-americanos, o que tende a reduzir ainda mais os preços globais.
Em contraste, a relação estoque/consumo global deve recuar, sinalizando que o alívio será mais concentrado nos países exportadores. Ainda assim, o aumento da oferta entre os três maiores exportadores — Estados Unidos, Brasil e Argentina — tende a manter as cotações do cereal sob pressão ao longo do segundo semestre.
Valorização do real também afeta competitividade brasileira
Outro fator que contribuiu para a retração dos preços do milho foi a valorização do real frente ao dólar. A moeda brasileira mais forte reduz a atratividade das exportações nacionais, ao mesmo tempo em que favorece os embarques norte-americanos. Isso amplia a concorrência internacional e pode levar a uma maior oferta de milho no mercado global.
Demanda interna segue aquecida com avanço do etanol de milho
Apesar do cenário de queda nos preços, a demanda interna pelo milho continua firme, especialmente para a produção de etanol. Nos primeiros cinco meses de 2025, o consumo do cereal para esse fim somou 8,6 milhões de toneladas, um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados do Rabobank. A expansão das usinas de etanol de milho segue como um dos principais vetores de sustentação da demanda no Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio