Queda na área plantada de trigo
A pesquisa mais recente de intenção de plantio da Safras & Mercado indica uma retração expressiva na área destinada ao trigo no Brasil para a safra 2025/26. O analista Elcio Bento projeta uma redução de 16,5% em relação ao ciclo anterior, passando de 2,957 milhões para 2,470 milhões de hectares. Desde o último levantamento, em abril, a queda já soma 2,2%, refletindo um crescente desestímulo dos produtores.
Motivos para a redução
Bento destaca que a decisão de reduzir a área plantada está ligada a diversos fatores que têm pressionado o produtor rural nos últimos anos:
- Preços baixos, muitas vezes inferiores aos custos de produção, gerando margens negativas;
- Sucessão de eventos climáticos adversos, como secas, geadas e excesso de chuvas, que causaram perdas consecutivas de safra;
- Dificuldade no acesso ao crédito rural e seguro agrícola, agravada por restrições no Proagro e alta inadimplência bancária.
Essa combinação tem levado muitos agricultores a optarem por culturas com menor risco e maior liquidez.
Impactos regionais
A retração na área é mais acentuada em algumas regiões:
- Paraná, maior produtor nacional, deve registrar queda de 21,7%;
- Rio Grande do Sul, 13,7% a menos;
- Minas Gerais, 24,4%, reflexo da recuperação ainda em curso após perdas recentes.
Por outro lado, Santa Catarina mantém estabilidade, enquanto Mato Grosso do Sul e Bahia apresentam aumentos modestos de 3,3% e 2,5%, respectivamente, mas que ainda representam pequenas parcelas da produção total.
Produção e produtividade
Apesar da redução da área plantada, a Safras & Mercado prevê uma safra ligeiramente maior em volume:
- Produção estimada em 8,085 milhões de toneladas, alta de 3,6% sobre a temporada anterior;
- Rendimento médio projetado em 3.264 kg por hectare, 24,2% superior ao ciclo passado.
Estados como Paraná, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais apresentam expectativas de ganhos de produtividade superiores a 50%, embora partam de níveis baixos devido a perdas recentes.
Condições para realização das projeções
Bento ressalta que o resultado final depende da adoção de tecnologias, incluindo:
- Uso de sementes adaptadas;
- Manejo eficiente do solo e controle de pragas;
- Investimentos em fertilizantes;
- E, principalmente, condições climáticas favoráveis.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, a produtividade prevista é 4,7% maior que na safra passada, mas sua concretização dependerá de um clima mais regular, diferente dos anos anteriores.
Este cenário indica que, mesmo com a redução da área, avanços em produtividade podem garantir uma produção estável, embora os desafios para os produtores rurais permaneçam significativos.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio