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São Martinho critica preços internacionais do açúcar e evita projeções para safra 2025/26

Companhia evita projeções diante da instabilidade do mercado

A São Martinho optou por não divulgar um guidance para a produção de açúcar e etanol referente à safra 2025/26. A decisão foi tomada em meio às acentuadas quedas nas cotações internacionais do açúcar nas últimas semanas, o que gera incertezas sobre a rentabilidade do setor.

Durante teleconferência de resultados do quarto trimestre da safra 2024/25, o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Felipe Vicchiato, afirmou que os preços atuais do açúcar “estão muito errados”, principalmente quando comparados ao cenário de oferta e demanda esperado para os próximos meses.

Fixações e impacto nas margens

A empresa já fixou a venda de 805 mil toneladas de açúcar para a safra atual, com preço médio de R$ 2.565 por tonelada. Isso representa uma redução de 3% no volume de hedge em relação ao ciclo anterior. No entanto, Vicchiato destaca que o impacto na margem não deve ser expressivo, já que a expectativa é de queda nos custos de produção do açúcar nesta safra.

Mesmo assim, os contratos futuros seguem pressionados, com preços oscilando entre 16 e 17 centavos de dólar por libra-peso na bolsa internacional.

Etanol ganha força e usinas migram produção

Outro ponto destacado pela São Martinho é a competitividade limitada do açúcar frente ao etanol hidratado. Segundo Vicchiato, os preços atuais do açúcar remuneram apenas 11% a mais que os valores de venda do etanol hidratado, o que tem motivado usinas de estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás a migrarem parte da produção para o etanol.

Essa tendência deve ser impulsionada pelo aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que passará de 27,5% para 30% a partir de agosto, conforme anunciado pelo Governo Federal.

Distorção de preços internacionais e expectativas climáticas

Para a São Martinho, os preços praticados no mercado internacional não refletem adequadamente a realidade produtiva global. Vicchiato afirmou que a expectativa de produção no Brasil gira em torno de 42 milhões de toneladas, com projeções de crescimento também na Índia e na Tailândia, que estimam altas de até 20%, apesar de suas safras ainda não terem começado — o que geralmente ocorre entre setembro e outubro.

“Acredita-se em ganhos de produtividade devido ao clima, mas ainda é cedo para afirmar com certeza, pois muita coisa pode mudar”, alertou o executivo.

Resultados financeiros: lucro em forte queda

A companhia registrou lucro líquido de R$ 105 milhões no quarto trimestre da safra 2024/25, o que representa uma queda de 83,3% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior. No acumulado da safra, o lucro líquido foi de R$ 556,7 milhões, uma retração de 62,3%.

Essa queda é atribuída, principalmente, ao fim do recebimento das parcelas do precatório Copersucar (IAA), além da redução nos volumes comercializados de etanol e açúcar.

A receita líquida somou R$ 1,739 bilhão, com retração de 28,2% em relação ao 4T24, pressionada pela queda no volume de vendas de etanol (-33,6%) e de açúcar (-46,4%), além da baixa nos preços deste último (-4,7%). Por outro lado, a alta de 33,2% nos preços do etanol ajudou a mitigar parcialmente os efeitos negativos.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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