Mesmo diante de safra recorde no Brasil, a soja sustenta bons preços no mercado interno e externo, impulsionada pela procura internacional e pela valorização do óleo em Chicago. Já o milho apresenta leves ganhos, com suporte vindo do setor de biocombustíveis.
Demanda internacional mantém preços da soja firmes, mesmo com safra recorde
Apesar da oferta elevada no mercado interno, os preços da soja em grão seguem sustentados no Brasil. De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), esse movimento é resultado da demanda internacional aquecida, que continua garantindo ritmo às negociações e valorizando o mercado físico da oleaginosa.
Enquanto o grão mantém firmeza, os derivados seguem em queda. O óleo de soja sofre com a fraca demanda interna, especialmente do setor de biodiesel, enquanto o farelo registra os menores preços reais desde setembro de 2017 em metade das praças acompanhadas pelo Cepea.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a estimativa da safra 2024/25, prevendo um volume de 169,6 milhões de toneladas — aumento de 0,75% em relação à projeção anterior, o que pode representar um novo recorde na produção brasileira. A previsão é praticamente a mesma do USDA, que estima a produção nacional em 169 milhões de toneladas.
Apesar da maior oferta, a forte procura externa tem sido o principal fator de sustentação dos preços. A expectativa é de que a valorização continue, mesmo com a colheita em ritmo acelerado. Fatores como o comportamento do dólar, os embarques para a China e o andamento da safra nos Estados Unidos seguem no radar do mercado.
Óleo de soja lidera alta em Chicago e dá suporte à oleaginosa
Na Bolsa de Chicago (CBOT), a soja iniciou a semana com ligeiros ganhos, sustentada pela forte valorização do óleo de soja, que subiu entre 4,7% e 5,2% nos principais vencimentos nesta segunda-feira (16). O movimento estende os ganhos da sexta-feira anterior, quando o derivado chegou ao limite de alta na bolsa.
O avanço do óleo é impulsionado pelas metas de biocombustíveis nos Estados Unidos para 2026 e 2027, que surpreenderam o mercado ao indicar aumento nas exigências de produção — o que deve ampliar o esmagamento de soja nos EUA e reduzir a oferta doméstica da oleaginosa. Essa perspectiva é positiva, considerando que as exportações norte-americanas seguem impactadas pela guerra comercial com a China.
Além disso, o mercado observa atentamente o clima no cinturão agrícola americano (Corn Belt) e o desenvolvimento da nova safra, além das tensões geopolíticas no Oriente Médio, com o conflito entre Irã e Israel sem previsão de trégua. Para o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, esses fatores criam incertezas que, somadas às decisões comerciais da China, podem influenciar diretamente a dinâmica dos preços nas próximas semanas.
Milho fecha em leve alta, com apoio da demanda por etanol
O mercado de milho encerrou a sexta-feira (13) com leve alta na B3, puxado pelas expectativas de maior demanda por etanol, alimentadas pelas tensões no Oriente Médio. Apesar da valorização pontual, o saldo semanal foi negativo.
Os contratos futuros registraram pequenas altas: julho/25 subiu R$ 0,19 no dia, para R$ 63,29, mas acumulou queda de R$ 1,31 na semana. O contrato de setembro/25 teve o mesmo ganho diário (R$ 0,19), fechando a R$ 67,95, com perda semanal de R$ 0,95. No mercado físico, o milho se manteve estável no dia, mas teve recuo semanal de 2,76%, ou R$ 1,96.
Em Chicago, os contratos também fecharam em alta, impulsionados pelo relatório WASDE e pelo desempenho de outros grãos. O julho avançou 1,37% (US$ 6,00 cents/bushel), para US$ 444,50, e o setembro subiu 0,53% (US$ 2,25 cents/bushel), para US$ 428,50. O saldo semanal foi misto: o contrato de julho teve ganho de 0,45%, enquanto o de setembro caiu 1,10%.
O mercado segue atento aos desdobramentos das políticas de biocombustíveis nos EUA e às tensões geopolíticas, que podem influenciar as cotações nos próximos dias, especialmente em relação ao uso do milho na produção de etanol.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio