Suinocultura mantém margens sólidas com queda de custos e bom ritmo de exportações, aponta Itaú BBA

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Margens da suinocultura seguem elevadas em maio e junho

O relatório Agro Mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA aponta que as margens da suinocultura brasileira permaneceram sólidas em maio e na primeira quinzena de junho. O resultado médio foi de R$ 240 por animal terminado, o equivalente a uma margem de 25%. No mesmo período do ano passado, esse valor era de R$ 94 por cabeça. A sustentação das margens é atribuída ao crescimento moderado da produção e à continuidade de bons volumes de exportação, o que mantém os preços em patamar atrativo.

Custos de produção em queda favorecem o setor

Em maio, os custos da suinocultura registraram redução de 3%, enquanto os preços do suíno vivo subiram 1%. Na primeira metade de junho, tanto custos quanto preços caíram de forma proporcional, em torno de 2%. Essa estabilidade no spread reforça o bom momento vivido pelo setor.

No estado de São Paulo, os preços do animal vivo e da meia carcaça no atacado recuaram 1,4% em relação ao mês anterior. Apesar da queda, o impacto é pequeno quando comparado à forte pressão enfrentada pelo mercado de frango, que viu seus preços caírem 13% no mesmo período.

Produção avança de forma moderada

Segundo dados revisados do IBGE, a produção de carne suína no primeiro trimestre de 2025 cresceu 2,1% em relação ao mesmo período de 2024. Esse avanço foi resultado de um aumento de 1,6% no número de abates e de 0,5% no peso médio das carcaças. Já os dados preliminares do SIF indicaram variações de -4% em abril e +3% em maio. Com isso, a média dos cinco primeiros meses do ano mostra uma leve alta de 0,7%, sinalizando ausência de crescimento excessivo da oferta.

Exportações batem recordes e sustentam demanda

No campo externo, os embarques de carne suína em maio totalizaram 106 mil toneladas, volume 4% inferior ao de abril, mas 16% acima do registrado em maio de 2024. O acumulado entre janeiro e maio aponta crescimento de 16,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, estabelecendo um novo recorde para o mês de maio e para o ano até o momento.

Outro destaque foi o preço médio da carne suína exportada, que subiu 3,6% frente a abril, alcançando US$ 2.590 por tonelada — o maior valor nominal em oito anos.

Apesar da retração de 30% nos envios para a China, outros mercados ganharam protagonismo, como as Filipinas, com crescimento de 89% na comparação anual, e o Japão, com alta de 69%.

Cenário positivo segue com custo do milho em retração

A perspectiva para o segundo semestre permanece favorável. A oferta segue controlada, as exportações em bom ritmo e os custos de produção, especialmente com o milho, têm caído. No Paraná, por exemplo, o preço do milho recuou 21% entre a média de março e a primeira quinzena de junho, reflexo do comportamento climático positivo nos últimos dois meses.

A TF Agroeconômica ressalta que, mesmo com o excesso de carne de frango no mercado doméstico, os preços da carne suína têm se mantido relativamente estáveis devido ao equilíbrio entre oferta e demanda e ao bom desempenho das exportações.

Impacto da China e EUA no mercado global

Um ponto de atenção no mercado internacional é o relacionamento comercial entre Estados Unidos e China. Recentemente, o governo chinês autorizou mais 106 frigoríficos americanos a exportarem carne suína e de frango, somando agora 623 habilitados para carne suína e 677 para carne de frango. A medida foi tomada após uma reunião entre os dois países e pode sinalizar possíveis acordos comerciais nas próximas semanas.

Desde 2021, a China vem reduzindo significativamente suas importações de carne suína após a recuperação da Peste Suína Africana. Em 2024, as compras chinesas do Brasil recuaram 40% e, em 2025, já acumulam queda de 30%. Ainda assim, o país permanece como o segundo maior destino das exportações brasileiras, perdendo apenas para as Filipinas.

Com margens firmes, custos em queda e exportações aquecidas, a suinocultura brasileira vive um momento de estabilidade e resiliência. O monitoramento do cenário internacional, especialmente das relações comerciais com a China e do comportamento do milho, será crucial para a manutenção desse ambiente positivo nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio