Aumento da mistura de biodiesel no diesel preocupa setor de transporte rodoviário de cargas

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O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (SETCEMG) manifestou forte preocupação com a decisão do governo federal de elevar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel comercializado no Brasil de 14% para 15%, a partir de 1º de agosto de 2025. A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), foi anunciada durante a cerimônia “Combustível do Futuro Chegou: E30 e B15”, realizada no Ministério de Minas e Energia, mas desconsidera alertas e evidências técnicas apresentadas pelo setor de transporte rodoviário nos últimos meses.

Impactos técnicos e operacionais já evidenciados

Desde que a mistura foi aumentada para 14% em março de 2024, as empresas de transporte têm registrado problemas recorrentes, especialmente com o aumento significativo dos custos de manutenção. Um estudo da NTC&Logística aponta que o prazo para troca dos filtros de combustível foi reduzido pela metade, elevando os custos de manutenção em mais de 7% por veículo e impactando em mais de 0,5% o custo total das operações. Para uma frota com 100 veículos, esse aumento equivale, em um ano, ao valor de um caminhão novo.

Qualidade do biodiesel e riscos à operação

Análises da Confederação Nacional do Transporte (CNT), contidas no documento “Estudos sobre o Biodiesel Brasileiro”, indicam que o biodiesel nacional apresenta instabilidades relevantes, incluindo contaminação já no momento da chegada às distribuidoras. Isso tem provocado obstrução de filtros, falhas mecânicas e elevação do risco de panes durante viagens, afetando diretamente a operação das frotas.

Problemas em regiões frias e riscos à segurança

A situação é ainda mais preocupante em regiões de clima frio, especialmente no Sul do país, onde foram relatados casos de cristalização do combustível e congelamento de componentes. Esses episódios levaram à paralisação de veículos e representam um risco direto à segurança viária, conforme apontam transportadores e reportagens especializadas.

Consequências ambientais e perda de eficiência

Estudos conduzidos pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), citados pela CNT, indicam que o aumento do teor de biodiesel pode causar aumento do consumo específico de combustível e da emissão de gases de efeito estufa, como CO₂ e óxidos de nitrogênio (NOx), além de provocar perda de potência dos motores, afetando a eficiência dos veículos.

Impactos econômicos no mercado de soja e inflação

Do ponto de vista econômico, o aumento da mistura de biodiesel gera pressão sobre o mercado da soja, principal matéria-prima para sua produção no Brasil. A maior demanda pelo óleo de soja pode elevar os preços dos alimentos e intensificar o cenário inflacionário, gerando preocupações para toda a cadeia produtiva e para o consumidor final.

Defesa dos interesses do setor de transporte

O posicionamento do SETCEMG está alinhado ao de outras entidades representativas do setor, como a NTC&Logística e a CNT, que têm se manifestado por meio de notas técnicas e estudos defendendo cautela diante de qualquer aumento no percentual de biodiesel. Frente à confirmação da medida, o SETCEMG reforça seu compromisso com a defesa dos interesses das empresas transportadoras e da segurança de todos que dependem do transporte rodoviário de cargas no país. A entidade continuará cobrando que futuras decisões sobre política de biocombustíveis sejam precedidas de estudos técnicos aprofundados, com participação efetiva dos setores diretamente afetados.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio