Importação recorde de diesel A
As importações brasileiras de diesel A (sem mistura de biodiesel) registraram um crescimento de 13,2% no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O volume total importado alcançou 7,9 bilhões de litros, o maior já registrado, segundo levantamento da consultoria StoneX com base em dados do governo.
Fatores que impulsionaram as importações
O avanço das importações foi impulsionado por uma redução na produção interna de diesel pelas refinarias brasileiras e por um cenário externo mais favorável às compras internacionais. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto as vendas de diesel A cresceram 2,1% entre janeiro e maio, a produção do combustível recuou 2,4% no mesmo período.
Esse desequilíbrio resultou em um déficit no abastecimento doméstico, que foi compensado pelo aumento das importações.
Câmbio, preços e janelas de oportunidade
Segundo a StoneX, houve períodos em que os preços internacionais do diesel se tornaram mais atrativos, favorecendo a importação.
Esse cenário foi intensificado entre fevereiro e junho, quando a combinação de valorização do real, queda nas cotações internacionais e reajuste positivo dos preços pela Petrobras abriram uma janela favorável para a compra externa.
Mesmo após os três cortes no preço do diesel nas refinarias da Petrobras, entre abril e maio, o produto importado ainda se mostrou competitivo, graças à queda dos contratos futuros de petróleo e seus derivados.
Contexto internacional influencia o mercado
A queda nos preços globais do petróleo e do diesel foi impulsionada por dois fatores principais:
- A nova política tarifária dos Estados Unidos
- A decisão da Opep+ de aumentar a oferta de petróleo nos meses seguintes
- Rússia lidera, mas perde espaço
A Rússia manteve a liderança nas exportações de diesel para o Brasil no semestre, com 4,86 bilhões de litros fornecidos. No entanto, isso representou uma queda de 3,7% em relação ao mesmo período de 2024.
A participação russa no total importado também diminuiu, passando de 71,9% para 61,3%. O espaço foi ocupado, principalmente, pelos Estados Unidos, cuja fatia saltou de 6,4% para 24,7%, alcançando 1,96 bilhão de litros e superando os Emirados Árabes Unidos, que perderam posição no ranking.
Queda nas importações de gasolina A
Ao contrário do diesel, as importações de gasolina A (sem adição de etanol anidro) caíram 12% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 1,2 bilhão de litros – o menor volume desde 2022.
A StoneX explicou que esse recuo se deve à janela de importação fechada durante grande parte do semestre, por conta de condições de paridade de preços desfavoráveis. Além disso, houve um aumento na oferta de gasolina pelas refinarias nacionais.
Origem da gasolina importada
No segmento de gasolina, a Rússia também liderou as exportações para o Brasil, com 39,1% do volume importado. Em seguida aparecem os Estados Unidos (32,8%) e a Holanda (15,6%).
A consultoria destacou que a participação russa cresceu significativamente em relação ao mesmo período de 2024, quando representava menos de 18% do total. Segundo a StoneX, o movimento pode estar associado a preços mais competitivos, repetindo a dinâmica observada no mercado de diesel.
A combinação de queda na produção interna, câmbio favorável e preços internacionais em baixa levou o Brasil a quebrar o recorde de importação de diesel no primeiro semestre de 2025.
O movimento também indica um aumento da presença russa no mercado brasileiro de combustíveis, tanto no diesel quanto na gasolina, em meio a mudanças geopolíticas e estratégicas no setor de energia.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio