Com foco em estratégias de desenvolvimento sustentável para a região amazônica, o Seminário de Encerramento do Programa Rural Sustentável Amazônia (PRS Amazônia) reuniu representantes do setor agropecuário, lideranças comunitárias, técnicos e autoridades públicas entre os dias 1º e 3 de julho, no auditório da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA). A proposta foi discutir os avanços e desafios do projeto no Pará, com ênfase nas cadeias do cacau e do açaí — duas culturas emblemáticas para a economia florestal e para a geração de renda em comunidades tradicionais.
O evento marcou a conclusão das ações do PRS no estado, consolidando diagnósticos, estudos de mercado e planos de negócios construídos ao longo dos últimos anos com a participação de mais de 80 organizações socioprodutivas (OSPs). Grande parte dessas organizações é composta por mulheres, jovens, agricultores familiares e povos tradicionais da floresta. O objetivo central do programa é promover modelos produtivos que conciliem conservação ambiental e inclusão social, a partir da valorização da biodiversidade e do fortalecimento da agricultura de baixo carbono.
Ao longo do seminário, técnicos apresentaram dados sobre a produtividade e a viabilidade econômica das culturas apoiadas pelo PRS Amazônia, com destaque para os resultados da cadeia do cacau de origem agroflorestal. Foram debatidos gargalos logísticos, entraves ao acesso a mercados, desafios de rastreabilidade e certificação, além de estratégias para integração com políticas públicas e financiamentos verdes.
A metodologia do programa se baseia em um modelo colaborativo, que articula diferentes esferas de governo, entidades de pesquisa e a sociedade civil organizada. Entre os pilares estão a construção de planos orientados à realidade local, o apoio a práticas agroecológicas e o fortalecimento da governança das cadeias produtivas. A experiência paraense evidenciou que a geração de renda por meio da floresta em pé é não apenas viável, mas necessária diante do avanço do desmatamento e das mudanças climáticas.
Durante os três dias de programação, houve espaço para a troca de experiências entre produtores e especialistas, oficinas temáticas e painéis sobre inovação rural, comercialização e políticas de incentivo à bioeconomia. As propostas elaboradas pelas comunidades atendidas pelo PRS no Pará serão levadas a fóruns regionais e servirão de base para o aprimoramento de políticas públicas.
O PRS Amazônia é fruto de uma parceria internacional que envolve o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o governo britânico, por meio do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (DEFRA), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS). Em 2025, o programa foi ampliado com novos aportes financeiros destinados à aquisição de bens coletivos, serviços técnicos e elaboração de planos de negócios sob medida para as realidades locais.
A próxima etapa do projeto será realizada em Manaus, no dia 10 de julho, com foco nas cadeias da castanha-do-Brasil e do pirarucu de manejo. A nova fase manterá o mesmo formato participativo e pretende gerar subsídios técnicos para consolidar políticas de fomento à economia de base florestal em outros estados da Amazônia Legal.
A previsão é que as ações desta nova fase sejam iniciadas em setembro, reforçando o compromisso de alinhar produção sustentável, valorização da cultura local e conservação ambiental.
Fonte: Pensar Agro