Café de Mandaguari recebe Indicação Geográfica
Produtores de café do noroeste do Paraná celebram a conquista do registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO), concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) nesta terça-feira (1°). A certificação valoriza o produto, destacando sua identidade regional e elevando sua competitividade no mercado.
O que é a Indicação Geográfica e por que foi concedida
A IG reconhece produtos ligados a características específicas do local de origem, conferindo reputação, valor intrínseco e distinção. No caso do café de Mandaguari, o INPI ressaltou a combinação dos fatores naturais — como relevo, altitude, clima e solo fértil — e humanos, incluindo tradição, sucessão familiar, técnicas específicas de cultivo, colheita seletiva e processamento cuidadoso. Esse conjunto proporciona ao café qualidades sensoriais únicas e diretamente ligadas à região.
Abrangência e produção dos municípios beneficiados
Seis municípios do Noroeste paranaense integram a área contemplada pela IG: Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas. Cerca de 200 propriedades agrícolas poderão utilizar o selo, seguindo o Caderno de Especificações Técnicas para garantir a padronização e qualidade.
A região possui aproximadamente 3.100 hectares plantados com café, produzindo em média 5.400 toneladas ao ano, movimentando cerca de R$ 99,75 milhões. Entre as variedades cultivadas destacam-se Icatu Vermelho, Catuaí Vermelho, Mundo Novo, IPR 106 e IPR 107.
Impacto para os produtores e setor local
A Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman) projeta aumento no valor das sacas, além de abrir portas para exportação. Fernando Rosseto, produtor e presidente da Cafeman, destacou:
“Estamos muito felizes com essa conquista, que marca um novo tempo para os produtores da região. Esperamos incentivar outros agricultores familiares a aprimorar técnicas para se adequarem à IG e aumentar a rentabilidade — a saca pode chegar a valer quase o dobro do preço atual.”
Caminho até a conquista
O processo para obtenção da IG teve início em fevereiro de 2022, com apoio do Sebrae/PR, que realizou sensibilização, organização e capacitação dos produtores. Diversos eventos e encontros foram promovidos para fortalecer o grupo e elevar a qualidade do café.
Luiz Carlos da Silva, consultor do Sebrae/PR, ressaltou a importância da vitória:
“Esse é um esforço coletivo que traz visibilidade, notoriedade e valor agregado, fortalecendo pequenos negócios e o desenvolvimento econômico regional.”
Parceiros envolvidos
O sucesso da certificação contou com a participação de instituições como:
- Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná/Iapar/Emater)
- Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab)
- Prefeitura de Mandaguari (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo)
- Cooperativa Agropecuária e Industrial Cocari
- Sistema Faep (Federação da Agricultura do Paraná)
- Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)
Significado da certificação para a região
Para Walter Feichtinger, técnico do IDR-Paraná, a IG vai além de um selo:
“É um instrumento que valoriza produtos ligados a uma região, promovendo desenvolvimento econômico e social, protegendo tradições e atraindo consumidores que buscam qualidade e autenticidade.”
A prefeita de Mandaguari, Ivonéia Furtado, também celebrou o reconhecimento:
“É motivo de orgulho ter o primeiro pedido de Denominação de Origem para cafés especiais no Paraná, demonstrando a força da nossa cidade, dos agricultores e da comunidade.”
Diferenciais do café de Mandaguari
A região possui solo roxo, resultante da decomposição de rochas basálticas ricas em nutrientes como ferro, e clima marcado pelo Trópico de Capricórnio, com noites frias e dias quentes, ideal para a cultura do café. A produção é predominantemente familiar.
Outro diferencial está nas bactérias presentes nas lavouras, que não consomem o açúcar dos grãos, preservando o dulçor natural do café, sem alterar suas características sensoriais.
O café se destaca por sua densidade, sabor frutado, notas de chocolate e caramelo, e acidez equilibrada.
Paraná alcança 20 Indicações Geográficas
Com o café de Mandaguari, o Paraná chega a 20 Indicações Geográficas, sendo a sexta concedida em 2025. Outras IGs do estado incluem:
- Carne de onça de Curitiba
- Urucum de Paranacity
- Cracóvia de Prudentópolis
- Mel de Ortigueira
- Queijos coloniais de Witmarsum
- Cachaça e aguardente de Morretes
- Melado de Capanema
- Cafés especiais do Norte Pioneiro, entre outros.
Além disso, o Paraná conta com 10 produtos com IG depositada, em análise no INPI, como cervejas artesanais, mel, pães, tortas, ponkan, ovinos e caprinos, ginseng, café da serra de Apucarana e ostras.
A conquista reforça o potencial do estado na valorização de produtos regionais e no fortalecimento da economia local por meio da proteção e reconhecimento da qualidade e identidade dos seus produtos.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio