Queda na moagem de cana
Na primeira quinzena de junho, as unidades produtoras da região Centro-Sul processaram 38,78 milhões de toneladas de cana, uma redução de 21,5% em relação ao mesmo período da safra 2024/25. Até 16 de junho, o acumulado da safra 2025/26 atingiu 163,58 milhões de toneladas, com queda de 14,3% frente ao ano anterior.
Atualmente, 255 unidades estão em operação, sendo 236 processadoras de cana, 10 produtoras de etanol a partir do milho e 9 usinas flex. Esse número representa cerca de 95% da capacidade instalada da região. Segundo Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, as condições climáticas adversas, especialmente as chuvas, têm impactado negativamente o ritmo da colheita, mantendo a moagem abaixo da média das últimas safras.
Qualidade da matéria-prima
A qualidade da cana também sofreu retração. O índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) na primeira quinzena de junho foi de 128,66 kg por tonelada, 4,4% inferior ao registrado no mesmo período da safra anterior. No acumulado da safra, o ATR está em 119,60 kg por tonelada, uma queda de 4,5% em relação ao ciclo passado.
Produção de açúcar em queda
A fabricação de açúcar na primeira metade de junho somou 2,45 milhões de toneladas, uma redução de 22,1% comparado ao mesmo intervalo da safra anterior. No acumulado da safra até 16 de junho, a produção atingiu 9,40 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 14,6%.
Produção de etanol registra recuo
Na mesma quinzena, a produção total de etanol chegou a 1,78 bilhão de litros, dividida entre 1,10 bilhão de litros de etanol hidratado (queda de 18%) e 677,6 milhões de litros de etanol anidro (redução de 27%). No acumulado da safra, a produção totalizou 7,50 bilhões de litros, com retrações de 13% no hidratado e 16,4% no anidro.
Destaque para o etanol de milho, que representou 20,1% da produção na quinzena, com 357 milhões de litros, aumento de 16,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado, o etanol de milho cresceu 22%, totalizando 1,80 bilhão de litros.
Vendas de etanol têm queda
As vendas totais de etanol na primeira quinzena de junho somaram 1,26 bilhão de litros, recuo de 13,9% em comparação ao mesmo período da safra anterior. O etanol hidratado registrou vendas de 803,9 milhões de litros (-15,9%), enquanto o anidro comercializou 460 milhões de litros (-10,2%).
No mercado doméstico, o etanol hidratado vendido pelas unidades do Centro-Sul totalizou 779,9 milhões de litros, com retração de 16,6%. Já as vendas de etanol anidro caíram 11,5%, alcançando 442,6 milhões de litros. No acumulado da safra, a comercialização de etanol foi de 7,02 bilhões de litros, queda de 4,5%.
Competitividade do etanol e expectativa de demanda
O preço médio do etanol hidratado nos postos está em cerca de 67,4% do valor da gasolina, tornando-o uma alternativa econômica atrativa para o consumidor brasileiro, especialmente em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Além disso, a partir de 1º de agosto, a mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina aumentará de 27% para 30%, o que deve ampliar ainda mais a demanda pelo biocombustível. Essa medida contribuirá para a redução das emissões de gases de efeito estufa, melhora na octanagem da gasolina, maior autossuficiência na produção e geração de empregos no país.
Mercado de créditos de descarbonização (CBios)
Até 27 de junho, foram emitidos 21,28 milhões de CBios para o ano de 2025, enquanto a quantidade total disponível para negociação soma 26,82 milhões de créditos. Isso corresponde a cerca de 76% da meta anual estabelecida pelo Programa RenovaBio.
Recentemente, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou a lista de distribuidoras inadimplentes no âmbito do programa, vedando a comercialização de combustíveis entre produtores e essas empresas até que regularizem sua situação. Luciano Rodrigues ressalta que essa medida é fundamental para garantir a segurança e a credibilidade do RenovaBio, considerado um dos programas de descarbonização mais robustos do mundo.
Panorama geral
A combinação das chuvas persistentes e a redução na qualidade da matéria-prima pressionaram a moagem, a produção de açúcar e etanol na região Centro-Sul na primeira quinzena de junho. Apesar disso, a competitividade do etanol hidratado no mercado e a ampliação da mistura obrigatória de anidro na gasolina indicam potencial para recuperação da demanda nos próximos meses. Paralelamente, o mercado de CBios mantém-se estruturado para atender às metas de descarbonização estipuladas para 2025.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio