Dólar dispara após Trump anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros; Lula promete retaliação

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Dólar em alta e Ibovespa em queda

O dólar abriu a quinta-feira (10) com forte valorização de 1,81%, cotado a R$ 5,6027, após o anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA a partir de 1º de agosto. Durante a manhã, a moeda chegou a R$ 5,6213. No dia anterior, já havia registrado alta de 1,06%, encerrando a R$ 5,5032.

Enquanto isso, o Ibovespa recuou 1,31% e fechou aos 137.481 pontos.

Justificativa de Trump e repercussão internacional

Em carta endereçada a líderes globais, Trump mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro e criticou o julgamento dele no Supremo Tribunal Federal (STF), classificando-o como uma “vergonha internacional”. Especialistas interpretaram o gesto como um ato político. O economista e Nobel de Economia, Paul Krugman, comentou que “não seria a primeira vez que os EUA usam a política tarifária para fins políticos”.

Resposta de Lula: reciprocidade nas tarifas

O presidente Lula declarou que o Brasil responderá com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada ainda durante o primeiro mandato de Trump, e que permite retaliar países que elevam tarifas contra o Brasil. Lula enfatizou que o país “não aceitará ser tutelado por ninguém”.

Impacto econômico e temores no mercado

A imposição da nova tarifa de 50% afeta diretamente diversos setores estratégicos da economia brasileira, incluindo petróleo, aço, café e carne bovina — principais produtos exportados para os Estados Unidos.

Trump alegou que a medida é uma resposta às tarifas “injustas” impostas pelo Brasil e ao déficit comercial dos EUA, que, segundo ele, prejudica a economia e compromete a segurança nacional. No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento indicam que o Brasil registra déficits comerciais com os EUA desde 2009.

Reações possíveis e ameaças de escalada tarifária

Trump alertou que, caso o Brasil reaja com novas tarifas, os Estados Unidos poderão aumentar ainda mais os impostos sobre produtos brasileiros. No entanto, o ex-presidente também indicou a possibilidade de reduzir as tarifas se o Brasil eliminar suas barreiras comerciais.

Ele ainda sugeriu que empresas brasileiras podem evitar as novas taxas ao transferir a produção para os EUA, prometendo acelerar os processos para essas iniciativas.

Contexto global: cartas e tarifas para outros países

Desde o início da semana, Trump tem enviado cartas semelhantes a outras nações. Na segunda-feira (8), foram enviadas 14 notificações com tarifas variando entre 25% e 40%. Na quarta-feira (9), mais oito países foram comunicados: Argélia, Brasil, Brunei, Filipinas, Iraque, Líbia, Moldávia e Sri Lanka.

O discurso é padronizado: os EUA querem manter negociações, mas exigem contrapartidas para reduzir o déficit comercial.

Pressão sobre a inflação global e juros

As novas tarifas geram preocupação com a alta dos preços de produtos importados, o que pode aumentar a inflação nos EUA e, consequentemente, levar o Federal Reserve a manter os juros elevados por mais tempo. Esse cenário tende a fortalecer ainda mais o dólar e influenciar as taxas de juros em outros países, incluindo o Brasil.

IPCA estoura meta de inflação no Brasil

No cenário interno, o destaque econômico foi a divulgação do IPCA de junho, que registrou alta de 0,24%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,35%, acima do teto da meta do governo, de 4,5%. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá que enviar uma nova carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento da meta.

Indicadores do mercado financeiro

Confira o desempenho recente dos principais índices econômicos:

  • Dólar
    • Semana: +1,46%
    • Mês: +1,28%
    • Ano: -10,95%
  • Ibovespa
    • Semana: -2,68%
    • Mês: -0,99%
    • Ano: +14,30%

A escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, alimentada pelo teor político das decisões e declarações, tende a manter os mercados em alerta e pode redefinir a dinâmica do comércio exterior nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio