Dólar em alta após recuo na véspera
O dólar iniciou esta quinta-feira (3) com valorização de 0,37%, cotado a R$ 5,4407 por volta das 9h30. Na véspera, a moeda norte-americana havia fechado em queda de 0,74%, a R$ 5,4206 — o menor patamar desde agosto. Enquanto isso, o Ibovespa ainda aguardava o início das negociações, previsto para as 10h.
A alta ocorre em meio à expectativa pela votação do megapacote orçamentário do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, na Câmara dos Deputados americana.
O impacto do pacote orçamentário de Trump
O chamado One Big Beautiful Bill (“Um grande e belo projeto”) propõe:
- Ampliação dos gastos com segurança nas fronteiras e Forças Armadas;
- Redução de impostos, com novas isenções sobre gorjetas e horas extras;
- Cortes em programas sociais, como o Medicaid;
- Revogação de incentivos à energia limpa adotados por Joe Biden.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o pacote pode elevar a dívida pública dos EUA em US$ 3,3 trilhões na próxima década. A proposta foi aprovada no Senado e segue agora para votação na Câmara, com expectativa de sanção até o feriado da Independência, em 4 de julho.
Fim da trégua do tarifaço preocupa o mercado
Outro fator que pressiona os mercados é o fim iminente da suspensão temporária das tarifas comerciais impostas por Trump. A trégua de 90 dias deve expirar em breve, e até o momento apenas três acordos foram firmados — o mais recente com o Vietnã.
O governo Trump já anunciou que não pretende estender o prazo. As tarifas poderão ser retomadas a partir de 9 de julho, aumentando tensões comerciais com parceiros como União Europeia e Canadá.
Especialistas alertam que a retomada das tarifas pode impulsionar a inflação e desacelerar a economia global. O Federal Reserve (Fed), por sua vez, mantém cautela e evita, por ora, cortar os juros diante das incertezas.
IOF: tensão entre Executivo e Congresso segue no radar
No Brasil, a revogação do decreto que aumentava o IOF continua gerando repercussões. O presidente Lula defendeu a decisão de judicializar a questão no Supremo Tribunal Federal (STF) e negou qualquer racha com o Congresso.
A equipe econômica estima uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões com a derrubada do decreto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que o aumento do IOF é necessário para o equilíbrio fiscal de 2026.
Além disso, o governo prevê:
- Aprovação de Medida Provisória para tributar apostas eletrônicas, criptoativos e fintechs;
- Corte de R$ 15 bilhões em benefícios fiscais.
Na avaliação do governo, o recuo no Congresso pode exigir novos bloqueios no orçamento de 2025.
Indicadores econômicos em foco
O mercado também acompanha a divulgação de dados econômicos no Brasil e no exterior:
- Produção industrial brasileira: recuo de 0,5% em maio frente a abril, segundo o IBGE — segunda queda consecutiva;
- Comparação anual: alta de 3,3% frente a maio de 2023.
Nos Estados Unidos, o relatório da ADP revelou o fechamento inesperado de 33 mil vagas no setor privado em junho, frustrando a expectativa de abertura de 95 mil postos. O dado reforça a possibilidade de cortes nos juros pelo Fed, caso a desaceleração do mercado de trabalho persista.
Desempenho acumulado no mercado
- Dólar
- Semana: -1,15%
- Mês: -0,24%
- Ano: -12,28%
- Ibovespa
- Semana: +1,60%
- Mês: +0,14%
- Ano: +15,60%
A combinação de incertezas fiscais nos EUA, riscos de guerra comercial e impasses no cenário fiscal brasileiro mantém os mercados em alerta. Investidores seguem atentos aos próximos desdobramentos tanto em Brasília quanto em Washington.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio