Setor cafeeiro brasileiro descarta ruptura no fornecimento aos EUA
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirmou nesta quarta-feira (17) que não trabalha com a possibilidade de interrupção no fornecimento de café brasileiro para os Estados Unidos, mesmo após o anúncio do governo Trump sobre a aplicação de uma tarifa de 50% sobre o produto. Segundo a entidade, o ambiente atual é considerado “favorável” às negociações, dada a relevância da commodity brasileira para o mercado consumidor norte-americano.
Negociações com os EUA já estavam em andamento
Executivos do Cecafé destacaram, durante coletiva de imprensa, que as tratativas com entidades e autoridades norte-americanas já vinham sendo conduzidas há meses, especialmente após a imposição de uma tarifa anterior de 10% ao Brasil. Apesar do cenário ainda incerto, a entidade afirma que os diálogos estão avançando.
“A gente sente que o café está bem avançado nas discussões… No nível de secretariado, das várias áreas do comércio dos Estados Unidos, os diálogos são muito positivos”, afirmou Marcos Matos, CEO do Cecafé.
Setor busca inclusão do café em lista de exceções tarifárias
A estratégia do setor tem sido defender a inclusão do café em uma lista de exceções à nova tarifa, com apoio da Associação Nacional do Café (NCA) dos Estados Unidos.
“Existe um ambiente nos Estados Unidos favorável para o café, pelo que ele representa para a economia norte-americana”, acrescentou Márcio Ferreira, presidente do conselho deliberativo do Cecafé.
Exportações seguem ativas apesar do clima de incerteza
O Cecafé informou que, até o momento, não houve suspensão dos embarques de café para os EUA. No entanto, exportadores têm adotado cautela na formalização de novos contratos, aguardando mais clareza sobre o cenário.
“Comercialmente, a tensão está sendo muito menor do que parece”, afirmou Ferreira.
Traders aceleram entregas antes da nova tarifa
De acordo com reportagem da agência Reuters, operadores do mercado estão agilizando o envio de café brasileiro para os Estados Unidos antes da entrada em vigor da tarifa de 50%, prevista para 1º de agosto. Algumas cargas têm sido desviadas durante o trajeto para evitar paradas em outros portos, e estoques da commodity em países vizinhos estão sendo direcionados ao mercado norte-americano.
Mercado dos EUA continua estratégico para o Brasil
Mesmo com a taxação, o Cecafé não prevê perda de espaço do café brasileiro no mercado norte-americano, já que o nível de produção mundial está ajustado à demanda.
“Nem os Estados Unidos, nem outra origem, podem abrir mão do Brasil, ainda que tarifado”, reforçou Márcio Ferreira.
O executivo também destacou que o consumidor dos EUA está habituado ao blend que utiliza o café brasileiro, conhecido por oferecer corpo e doçura.
“Muitas vezes, é preferível pagar mais caro do que alterar uma fórmula de produto que funciona.”
Abertura de novos mercados é um processo gradual
O Brasil já vem atuando para ampliar seus mercados compradores de café, mas o redirecionamento de volumes não pode ser feito de forma imediata.
“A China, por exemplo, é um mercado com grande potencial de crescimento. Mas não conseguimos simplesmente virar a chave de um dia para o outro, principalmente tratando-se do maior consumidor mundial de café”, observou Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio