Governo reúne empresários do agronegócio nesta terça para reagir a tarifas dos EUA

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Empresas do agronegócio com forte presença no mercado americano serão recebidas nesta terça-feira (15.07), em Brasília, para discutir estratégias diante da decisão do presidente dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada na última quarta-feira (09), causou forte reação do governo federal e mobilizou setores exportadores diretamente atingidos, como os de suco de laranja, carne bovina e de frango, frutas, mel, couro e pescado.

A reunião faz parte das primeiras ações do comitê interministerial criado pelo governo para enfrentar o que foi classificado como um revés comercial de grande impacto para a economia brasileira. O encontro será realizado na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e contará com a participação de representantes da Casa Civil, dos ministérios da Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Relações Exteriores e Pesca.

O objetivo é reunir informações técnicas dos setores afetados, ouvir as demandas e delinear uma estratégia conjunta de reação, que envolva tanto ações diplomáticas como articulação empresarial entre os dois países. A expectativa é de que a mobilização do setor privado ajude a pressionar parceiros comerciais nos Estados Unidos que também serão afetados pela interrupção ou encarecimento das importações brasileiras.

Segundo o governo federal, uma proposta de negociação comercial com os EUA já havia sido enviada em maio, ainda antes do anúncio das tarifas, mas segue sem resposta oficial. A estratégia agora inclui não apenas tentativas de reversão da medida junto ao governo americano, mas também diálogo direto com empresas e entidades setoriais dos EUA que mantêm cadeias produtivas integradas com indústrias brasileiras — como nos casos de aço, autopeças e alimentos processados.

Nesta manhã, o governo também realiza uma reunião com representantes da indústria, incluindo setores de aviação, siderurgia, papel e celulose, calçados e máquinas. A ideia é consolidar um diagnóstico completo sobre o impacto das tarifas na economia brasileira como um todo e abrir canais de negociação com interlocutores norte-americanos, inclusive por meio da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

As medidas dos EUA foram recebidas com preocupação por parte dos exportadores brasileiros, especialmente porque atingem produtos com forte presença no comércio bilateral e em cadeias produtivas interdependentes. O Brasil figura como um dos maiores fornecedores globais de proteína animal, suco e frutas frescas, e vê nos EUA um dos principais mercados consumidores. A sobretaxa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode comprometer contratos, elevar custos e gerar prejuízos ao longo de toda a cadeia produtiva rural.

Embora ainda esteja em fase inicial de articulação, o movimento do governo indica que a reação será coordenada e sustentada por dados técnicos, participação do setor privado e tentativa de convencimento junto a atores do próprio mercado americano. O encontro desta terça é considerado o primeiro passo formal nesse processo.

Fonte: Pensar Agro