Incertezas causadas pela gripe aviária marcam o mercado de frango
O mês de junho foi desafiador para a avicultura de corte no Brasil. Segundo o analista Fernando Iglesias, da consultoria Safras & Mercado, a detecção de um foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em Montenegro (RS) gerou incertezas que impactaram diretamente os preços da carne de frango, tanto no mercado atacadista quanto no vivo.
A retração nos preços era esperada e atingiu o frango vivo e o frango abatido. No varejo, a queda foi mais discreta. Houve uma leve recuperação no fim do mês, mas os valores seguem bem abaixo dos patamares anteriores à ocorrência do foco de IAAP.
Custos controlados trazem alívio ao setor
Apesar das dificuldades com preços e exportações, o cenário de custos foi mais positivo para os produtores. Os custos de nutrição animal permanecem sob controle, impulsionados por uma safra abundante de milho e pela expectativa de queda nas cotações do farelo de soja no segundo semestre. Essa redução deve ocorrer devido ao aumento do percentual obrigatório da mistura de biodiesel, que estimula o consumo do óleo de soja e, por consequência, o esmagamento do grão.
Exportações seguem afetadas por restrições sanitárias
A gripe aviária continua afetando o desempenho das exportações. Alguns mercados importantes, como China e União Europeia, ainda não retomaram as compras da carne de frango brasileira, o que mantém o setor em alerta.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou nesta quinta-feira (3) que sete países já retiraram as restrições impostas às importações do Brasil: Argentina, Cuba, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Índia, Mauritânia e Uruguai.
Queda nos preços da carne de frango no mercado interno
Segundo levantamento da Safras & Mercado, os preços da carne de frango apresentaram variações negativas ao longo de junho, especialmente no atacado de São Paulo:
- Cortes congelados – Atacado SP
- Peito: de R$ 10,60 para R$ 9,90/kg
- Coxa: de R$ 7,50 para R$ 6,90/kg
- Asa: de R$ 11,60 para R$ 10,00/kg
- Distribuição
- Peito: de R$ 10,80 para R$ 10,00/kg
- Coxa: de R$ 7,70 para R$ 7,00/kg
- Asa: de R$ 11,80 para R$ 10,20/kg
- Cortes resfriados – Atacado SP
- Peito: de R$ 10,70 para R$ 10,00/kg
- Coxa: de R$ 7,60 para R$ 7,00/kg
- Asa: de R$ 11,70 para R$ 11,10/kg
- Distribuição
- Peito: de R$ 10,90 para R$ 10,10/kg
- Coxa: de R$ 7,80 para R$ 7,10/kg
- Asa: de R$ 11,90 para R$ 10,30/kg
- Frango vivo: variações regionais
A cotação do frango vivo também oscilou nas principais praças de comercialização do país em junho:
- Minas Gerais: R$ 5,90 → R$ 5,60/kg
- São Paulo: R$ 5,60 → R$ 5,80/kg
- Santa Catarina (integração): mantido em R$ 4,70/kg
- Paraná (oeste – integração): R$ 5,00 → R$ 4,80/kg
- Rio Grande do Sul (integração): R$ 4,80 → R$ 4,75/kg
- Mato Grosso do Sul: R$ 5,80 → R$ 5,50/kg
- Goiás: R$ 5,80 → R$ 5,55/kg
- Distrito Federal: R$ 5,90 → R$ 5,60/kg
- Pernambuco: R$ 7,50 → R$ 5,90/kg
- Ceará: R$ 7,80 → R$ 5,00/kg
- Pará: R$ 8,00 → R$ 6,00/kg
Balanço das exportações em junho
As exportações brasileiras de carne de aves e miudezas comestíveis (frescas, refrigeradas ou congeladas) renderam US$ 401,63 milhões em junho (considerando 14 dias úteis), com uma média diária de US$ 28,69 milhões.
A quantidade exportada foi de 224,04 mil toneladas, com média diária de 16,00 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 1.792,70.
Em comparação com junho de 2024, houve:
- Queda de 21,2% no valor médio diário
- Redução de 21,6% na quantidade exportada
- Alta de 0,4% no preço médio da tonelada
- Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
Perspectivas
O setor avícola brasileiro segue atento à evolução do cenário sanitário e às reações do mercado internacional. Embora os custos estejam sob controle, o desempenho das exportações e a recuperação dos preços internos ainda dependem da retomada da confiança nos principais mercados compradores.
Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio