Embarques comprometidos e prejuízos acumulados
O Brasil deixou de embarcar 356.322 sacas de 60 kg de café em maio de 2025 devido à infraestrutura portuária defasada. O volume representa cerca de 1.080 contêineres e causou um prejuízo de R$ 2,686 milhões aos exportadores, em razão de custos extras com armazenagem, detentions, pré-stacking e antecipação de gates, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Desde junho de 2024, quando o Cecafé iniciou o monitoramento dessas perdas, os prejuízos acumulados chegam a R$ 75,919 milhões, causados exclusivamente por problemas logísticos nos principais portos brasileiros.
Perdas cambiais para o país
Além dos custos adicionais para as empresas, a impossibilidade de embarcar o café em maio impediu o ingresso de US$ 154,63 milhões (equivalente a R$ 876,28 milhões) em receita cambial, considerando o valor médio de exportação Free on Board (FOB) de US$ 433,97 por saca e a cotação média do dólar de R$ 5,6668 no mês.
Cenário crítico e chegada da nova safra
Apesar de uma leve redução no volume de cargas paradas em comparação com meses anteriores, o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, alerta que o cenário segue crítico. Segundo ele, essa diminuição está relacionada ao fim da entressafra do café, mas a situação tende a se agravar com a chegada da nova safra entre junho e julho. “Certamente veremos novos e crescentes atrasos de embarques e prejuízos aos exportadores, com pátios lotados, pois a infraestrutura portuária permanece a mesma, ao passo que as cargas que demandam contêineres, como algodão, açúcar e o próprio café, seguem crescendo”, afirma Heron.
Investimentos são importantes, mas soluções ainda demoram
O diretor destaca que, embora existam investimentos previstos — como o leilão do Tecon Santos 10, a concessão do canal de entrada marítima do porto, o túnel Santos-Guarujá e a terceira via da Rodovia Anchieta —, as obras levarão cerca de cinco anos para serem concluídas, mesmo sob condições normais. Além disso, Heron critica a decisão da ANTAQ de restringir a participação de armadores no leilão do Tecon Santos 10, contrariando diretrizes técnicas da própria agência. Segundo ele, isso pode aumentar o risco de judicialização e ampliar os prejuízos do setor.
Atrasos nos principais portos brasileiros
De acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 56% dos navios destinados à exportação de café sofreram atrasos ou alterações de escala em maio. No total, foram 169 embarcações afetadas em um universo de 300.
No Porto de Santos, responsável por 80,8% dos embarques entre janeiro e maio, o índice de navios com atrasos ou alterações chegou a 64%, com tempo de espera chegando a até 28 dias. Já no complexo portuário do Rio de Janeiro, segundo maior em volume de exportação, 69% das embarcações sofreram alterações de escala, com intervalos de até 16 dias.
Boletim Detention Zero: adesão aberta aos exportadores
Os exportadores interessados em acessar os dados detalhados sobre os atrasos podem se inscrever no Boletim Detention Zero por meio do link: https://app.pipefy.com/public/form/-SYfpMNK. Após o cadastro, a ElloX Digital fornecerá as instruções para obtenção das informações diretamente com os terminais.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio