O anúncio do Plano Safra 2024/25 pelo governo federal trouxe atenção especial ao setor produtivo, que demonstra preocupação com o aumento das taxas de juros para programas como o Pronaf e Pronamp. Especialistas alertam que o crédito mais caro pode desestimular investimentos essenciais, especialmente nas cadeias de proteínas animais, como suinocultura e confinamento de bovinos, impactando infraestrutura, tecnologia e produtividade.
Setor de proteínas animais enfrenta barreiras financeiras
O presidente da Acsurs, Valdecir Folador, destaca que com a Selic em 15%, investir em infraestrutura se torna praticamente inviável para a suinocultura. Apesar de um cenário econômico relativamente positivo, com margens equilibradas, os juros elevados limitam a capacidade do setor de avançar em melhorias estruturais. “Não estamos enriquecendo, mas conseguimos pagar as contas. Mesmo assim, com juros altos, não sustentamos novos investimentos”, ressalta.
Impactos nos investimentos e na adoção de tecnologias
Para o analista da Safra & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, as altas taxas de juros vão engessar os investimentos dos pecuaristas e produtores rurais, podendo levar à redução no uso de tecnologias dentro das propriedades. Segundo ele, diante dos riscos de mercado e das condições climáticas, muitos produtores avaliam que investir em renda fixa com menor risco é mais vantajoso do que assumir dívidas para ampliar a produção.
Expansão da engorda terceirizada prejudicada pelo crédito caro
A engorda por meio do sistema boitel, que tem crescido na pecuária brasileira, também sofre com o encarecimento do crédito. Dados da DSM-Firmenich indicam que 19,1% dos animais confinados são de terceiros, reflexo da expansão que ocorreu em 2021, quando os juros estavam mais baixos e atraíram investidores para esse modelo. Walter, da DSM-Firmenich, ressalta que o momento atual dificulta novos aportes financeiros no setor.
Programa de Transferência de Embriões é novidade no Plano Safra
Entre as novidades do Plano Safra está o Programa de Transferência de Embriões, que pretende financiar a melhoria genética e a produtividade na cadeia leiteira. Marcos Tang, presidente da Gadolando e da Febrac, vê com bons olhos a iniciativa, desde que os recursos oferecidos tenham juros acessíveis e pouca burocracia. Ele reforça a importância de um uso responsável dos fundos e destaca o papel das associações na orientação dos produtores para a escolha das matrizes que serão beneficiadas.
Panorama
O setor de proteínas animais vive um momento desafiador, em que a elevação dos juros do Plano Safra pode frear investimentos cruciais para a modernização e expansão das atividades. Apesar das medidas voltadas à inovação genética, o crédito caro e o cenário econômico pressionam produtores e investidores, exigindo estratégias cuidadosas para garantir sustentabilidade e crescimento no campo.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio